sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Eu comigo nos Andes - Cusco - Parte III


Antes de começar a semana, devo dizer que o Pretinho Básico, o netbook que o PC comprou e deixou comigo, foi um companheirão nessas duas semanas! Foi ótimo para organizar as fotos, escrever no Aralume, conversar com as pessoas via Skype e MSN e, é claro, Facebookiar à vontade!

Gastei umas boas horas por dia no computador e me questionava se não deveria estar na rua "vivendo". Mas fui pra rua também e, quer saber, tô de férias!!! Me permiti fazer o que tinha vontade, cumprindo compromissos básicos com os estudos, com a organização e limpeza do quarto, com uma boa alimentação e com a regularidade nas práticas de Yôga. De resto, me deixa!

Mas, afinal, eu estava em uma cidade mega turística, com muita coisa pra conhecer, então, tratei de me informar sobre os locais onde eu "não poderia" dizer que não fui...

Tem um city tour completo que achei meio caro: S/. 130,00 pelo bilhete turístico + US$ 15,00 para o guia. Pensei um pouco, fiz umas contas, e descartei; tem o passeio pelo Vale Sagrado, que custa mais uns US$ 35,00 e tem que ter o mesmo bilhete turístico do city tour... também pensei um pouco, fiz outras contas, e descartei... preferi gastar o dinheiro que tinha nas lojas de artesanato, rs...

Mas fui visitar o Museo Inca, que inclusive não está no bilhete turístico e custa 10 soles pra entrar. Putz, não achei nada demais... tadinho, é feinho que só... mal montado, meio escuro... não gostei... claro que tem umas coisas interessantes, uns achados arqueológicos lindos, muita história, mas nada de muito empolgante (me sinto uma aborrecente escrevendo isso, mas estou sendo sincera... os cultos que me perdoem...).

No mesmo dia fiz meu único programa noturno da temporada. Fui ao Centro Qosqo de Arte Nativo, onde tem toda noite uma apresentação de música e dança típicas por 25 soles. Bonito, mas nada arrebatador... acho que estou mal acostumada com a música e dança brasileiras... pra quem é fã de Antonio Nóbrega realmente não tem muita graça...

Aí só me faltava uma atração "imperdível", pra eu não levar bronca de ninguém na volta: Sacsayhuaman, que é um lugar não muito longe do centro, onde tem umas rochas enormes e faz parte da série olha-do-que-os-incas-eram-capazes! Essa atração está incluída no bilhete turístico, mas se quiser visitar avulso também pode... por 70 soles... eu realmente não estava a fim de desembolsar essa grana e já estava quase desistindo da atração imperdível, quando a Paula, a colombiana que conheci em Puno, me disse que tinha entrado lá bem cedo e não tinha ninguém cobrando! Ela tinha saído pra correr, foi parar lá por acaso e entrou na faixa!

Ah, o sangue brasileiro ferveu nas minhas veias e achei o máximo a ideia de entrar lá sem pagar (ai que vergonha, mas, mais uma vez, isso prova que o Aralume é um canal extremamente sincero!). E quando ela falou que tinha saído pra correr também me deu um comichão... pronto, mudei o horário da minha aula do dia seguinte pra um pouco mais tarde e estava decidida a fazer a mesma empreitada que a Paula.

Só que amanheceu chuviscando... que droga, todos as manhãs estavam sendo lindas, de sol e céu azul... fiquei um pouco na cama pensando se ia ou não e resolvi não ir... tomei café e vi que a chuva tinha parado... quer saber? Vambora!

Coloquei minha roupinha de corredora (sim, eu tinha uma!) e lá fui eu correndo pelas ruelas de Cusco. Oh céus, de quem foi a ideia!? Cinco minutos de aquecimento andando rápido mais cinco minutos correndo, com direito a uma bela subida, e eu já estava à beira de ter um treco! Terminei a subida andando e logo estava na entrada de Sacsayhuaman. E não é que não tinha ninguém mesmo?!

Sem olhar pro lado, fui entrando. Logo apareceram os imensos muros de pedra, realmente impressionantes... mas um pouco à frente tinha outra guarita e nessa tinha gente... tentei dar uma de joão sem braço, mas não colou... não deu pra conhecer tudo, mas sem stress... voltei caminhando e estava com aquela sensação boa que dá depois da corrida (por mais que tenha sido uma vergonhosa corridinha de cinco minutos!).

E no caminho de volta fui pensando que os feitos humanos não tem sobre mim, nem de longe, a mesma magia dos feitos da natureza... ah tá, e daí que a galera empilhou aquele monte de pedra? E daí que "não seria possível"? Eu realmente não ligava a mínima pra isso... o que me espanta e me faz ajoelhar e chorar de emoção são belas cachoeiras, paredões imensos de chapadas, florestas exuberantes e flores singelas, praias paradisíacas, pores do sol coloridos e nasceres do sol idem, arco íris, o Salar de Uyuni, a imensidão do Lago Titicaca, os bichos do Pantanal, a poesia do céu do cerrado, as praias do Tapajós!

É, turismo urbano realmente não é comigo... por mais que seja o urbano de séculos ou milênios atrás...

Finalmente em paz comigo mesma, sem pressão pra "carimbar o passaporte" em mais nenhum lugar, comprei os últimos artesanatos (e olha, se você ganhar algum deles, saiba que é resultado de um processo árduo e profundo, porém sincero, de desapego, rs...), separei o dinheiro pro almoço de sábado e pro táxi até o aeroporto e vou me despedindo dessas férias peregrinantes pelas terras altas dos Andes.

Ainda tenho mais um dia em Cusco e uma noite em La Paz antes de voltar pro Brasilsão amado. Se nesse meio tempo surgirem fatos dignos de nota, pode ter certeza que você saberá!

4 comentários:

  1. Carol, super me identifiquei: a mim o que emociona também é a natureza!

    No mais, tô adorando os relatos super sinceros!

    Beijo grande e bom retorno!

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  2. Oi Fabi, obrigada!

    Logo estarei de volta... precisamos nos encontrar!

    Beijo!

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  3. Que tal a natureza... E a Arte?! Para mim, elas têm algo muito profundo em comum.

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    1. Sim, com certeza... mas a arte às vezes é menos óbvia, rs... claro que não é sempre, mas de vez em quando precisa de um certo esforço pra "entender"!

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