domingo, 8 de janeiro de 2012

Bolívia & Peru - Diário de Bordo: Ep. 4 - Uyuni: Poderia ser pior x melhor impossível, dia 1

Carros prontos, finalmente partimos. A primeira parada é bem perto da cidade, no vilarejo de Colchani, onde é feito o processamento do sal extraído do grande Salar de Uyuni.

Ao entrar na salinha onde empacotam o sal, a cena é de gelar a espinha: um monte de sal, um bujão de gás com um maçarico aceso, duas pessoas enchendo saquinhos plásticos e lacrando no maçarico e uma criança de no máximo 3 anos brincando no meio disso tudo, a uma proximidade do fogo que faz com que ninguém preste atenção nas explicações do guia. Não podia tirar foto...

Comprei meio quilo do sal de Uyuni (Bs 1,00) para tomar banho na virada do ano. Faz tempo que não faço mandingas, mas essa eu resolvi que faria logo que começamos a planejar a viagem!

Sem mais delongas, fomos pro salar. Sessão informações geoculturais expressas: o Salar de Uyuni é a maior planície salgada do mundo, com 12 mil km2, e está a uma altitude de aproximadamente 3.600 m.

O dia estava absolutamente lindo, com um céu azul ornado por nuvens das mais variadas formas! Depois de dias cinzas e chuvosos em La Paz foi um verdadeiro presente desfrutar de sol e céu azul!

A próxima parada foi no antigo Hotel de Sal, que hoje é um museu, mas não nos cativou, então nem entramos. Aí tem uma ilhota cheia de bandeiras e é onde o pessoal faz aquelas fotos brincando com a perspectiva... também não fizemos... sei lá, estava meio entediante...

Continuamos então para a Isla Incahuasi (morada do Inca, em quechua). É uma formação bem peculiar, com muitos cactus e todo um simbolismo dentro da cultura incaica. Paga-se Bs 30,00 para fazer a pequena trilha e há banheiros e uma lanchonete.

Aí sim, depois de horas e horas dentro de ônibus e carro, não pensamos duas vezes e fomos esticar as pernas na trilha, que proporciona vistas incríveis do salar e das montanhas e vulcões que o circundam. O passeio começava a ficar mais animador! Na parte mais alta tem uma "praça" com um "mandinguinha" pra Pachamama. Sem hesitar, peguei a moeda de R$ 0,25 mais linda e dourada que eu tinha na carteira (não sei porque tinha, mas tinha) e depositei minha oferenda. Banho de sal, moeda pra Pachamama... calma, o misticismo parou por aí!

Voltamos da trilha ávidos pelo almoço que nos havia sido prometido, mas nada ainda. Fomos pra lanchonete, o pessoal tomou cerveja, coca cola, comemos umas batatinhas do nosso lanche... até que o motorista vem nos chamar pro almoço.

Tinha várias pessoas almoçando na "praia" da ilha. O pessoal das agências monta umas mesinhas e serve a comida ali (lembre-se de que todas as refeições estão inclusas no pacote). Mas quando chegamos no canto do nosso grupo, que desespero! Imagine 23 coreanos esfomeados atacando duas panelas de arroz com sei lá o que. Não tinha nem como chegarmos perto da comida, que também nem parecia muito apetitosa.

Voltamos pra tal lanchonete, mas não havia mais refeição... com alguma insistência conseguimos 4 sanduíches de ovo a Bs 20,00 cada. Esse foi nosso almoço!

Claro que reclamamos com deus e o mundo, mas nosso motorista era terceirizado e o outro motorista do grupo foi bem grosso, dizendo que era daquele jeito mesmo e só faltando nos chamar de frescos (se bem que pode até ter chamado, porque não entendi tudo que ele disse :S ). Ah, sim, se você teve a perspicácia de fazer uma continha deve ter percebido que estão faltando motoristas, afinal, o nosso grupo de 4 "normais" + 23 coreanos precisaria de 5 carros. O detalhe é que a agência colocou os 21 coreanos em um ônibus torto e caindo aos pedaços, por isso que só tínhamos dois motoristas... (esse ônibus ainda vai dar o que falar, aguarde...).

Continuamos então a viagem, de mais umas duas horas pelo salar. Rota extremamente reta e plana, paisagem branca... deu até pra tirar uma soneca! Antes de sair do salar o motorista parou em um lugar incrível, onde tem uma fina lâmina de água sobre o sal, formando um imenso e lindo espelho! Algumas fotos e continuamos a jornada até o nosso alojamento, que fica na margem do salar.

Chegamos antes do busão dos coreanos e conseguimos ficar só nós 4 em um quarto, que é para 6 pessoas e tem "baño privado", o que foi a grande vitória do dia! Mas fomos informados de que não haveria água para tomar banho, pois o caminhão pipa não tinha vindo encher o reservatório... tudo bem, eu nem contava com banho mesmo...

Só que aí o Lelo, em um impulso desesperado e rebelde, toma banho! Sai ele do banheiro, com aquele cheiro de sabonete, cabelo molhado e uma cara malandra, e diz: "se abrir um fiozinho de água e fizer jogo rápido, dá pra tomar banho". Criamos coragem e fomos. Água fria, é claro. Com ou sem racionamento seria um banho de gato, como foi. Mas foi ótimo!

Ah, quando o motorista nos deixou no alojamento, nos apresentou ao Sr. Hélio, o "chefe da baiuca" e contou o episódio do almoço. O Sr. Hélio foi super atencioso, nos ofereceu "té con galletitas" e disse que no jantar teríamos uma mesa separada e também que mandaria o almoço do dia seguinte separado. As coisas estavam melhorando bastante!

Apesar das mancadas da Colque, a vantagem é que eles tem um alojamento próprio, enquanto que as outras empresas alugam umas casinhas mais, digamos, rústicas.

Saímos para dar uma volta no povoado, vimos pela primeira vez uma plantação de quinua de perto (a pronúncia quechua de quinua é com a tônia no i) e logo fugimos do vento gelado. O jantar foi muito bom e mais uma vez o fato de ter vegetarianos no grupo não foi problema pra ninguém. Compramos um Twix por Bs 10,00 e fomos dormir contentes!

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