Afortunadamente, nunca sofri por amor. Tive, claro, aquelas
paixõezinhas adolescentes não correspondidas; passei, claro, por momentos de
dúvida e insegurança em meus relacionamentos; mas, sofrer, sofrer mesmo, com O
Fino da Fossa girando na vitrola, nunca sofri.
Essa condição me deixa um tanto desconfortável diante de sofrimentos
do tipo, pois, uma vez que nunca os vivi, fico sem saber como consolar e
aconselhar. Mas por outro lado, também faz com que meus conselhos (quem
consegue ficar sem dar um pitaco?!) tenham um outro peso, afinal, não é por
acaso que nunca me meti em encrencas amorosas!
Só que dessa vez os “meus conselhos” não são meus, pois vou apenas
transcrever e alinhavar partes de dois capítulos do livro – adivinha qual!? –
Mulheres que correm com os lobos. Eu sou assim, quando encontro algo que adoro,
quero que todo mundo conheça e fico até chata. E eu sei que por mais que eu
fale “read the book, the only book”, muita gente não vai ler, então eu sigo
para o passo 2 da estratégia, que é escrever sobre o tema. Here we go J
O livro, organizado em 15 capítulos, é quase que totalmente dedicado a
assuntos específicos da natureza feminina, mas como “o parceiro” é um
componente que influencia consideravelmente qualquer mulher, há um capítulo inteirinho
dedicado exclusivamente a ele. O nome do capítulo é “O parceiro: a união com o
outro – um hino para o Homem Selvagem” e começa assim:
Se as mulheres querem que os
homens as conheçam, que eles realmente as conheçam, elas tem de lhes ensinar
algo do seu conhecimento profundo. Algumas mulheres dizem que estão cansadas,
que já se esforçaram demais nessa área. Sugiro humildemente que elas estiveram
tentando ensinar um homem sem vontade de aprender. A maioria dos homens quer
saber, quer aprender.
Não sei quanto a você, cara leitora, mas eu sempre senti que a “responsabilidade”
de ensinar era minha. Os meninos estão lá, com aquele ar de criança na loja de
doces esperando a mãe dar a largada. E nós somos a mãe, claro! Calma, não quero
dizer que temos que ser mães deles, aliás as mulheres que exageram na dose de ensinar
algo de seu conhecimento profundo, acabam virando mães e não é essa a ideia. Mas
aqui entra a advertência recorrente de que não adianta “mandar pistas” para os
homens. Temos que ser claras, temos que ser didáticas, temos que escrever em
letras grandes e coloridas. E ainda por cima manter uma certa dose de mistério
e sedução, pra não virar professora nem mãe. Complicado né? Mas quando a gente
arruma um aluno aplicado é tããããão legal!!!
E aí entra você, caro leitor. Como anda sua vontade de aprender? Você já
refletiu sobre essa estruturação de papeis? Você está aberto para receber o
conhecimento profundo de uma mulher? Você está preparado para ajoelhar aos pés
da deusa e contemplá-la?
O grande prejuízo dessas picuinhas de guerra dos sexos é fazer com que
cada um queira ser mais que o outro. Mais o que? Não importa, se você quer ser
forte, eu tenho que ser mais; se você quer ser independente, eu tenho que ser
mais; se você quer ser sensível, eu tenho que ser mais; se você quer ser
vaidosa, eu tenho que ser mais [meeedooo!]. Quando cada um entende suas
virtudes e fraquezas e se coloca de acordo com elas fica tudo tão lindo...
(meninos, aproveitando a oportunidade, lá vai um “read the book” pra
vocês: leiam Xico Sá! Aprendam com esse bardo pernambucano como se deve tratar
uma mulher!)
Ok, vamos voltar ao capítulo! Esse alinhavo está virando um bordado!
Para conquistar o coração de uma
Mulher Selvagem, seu parceiro deve entender profundamente sua dualidade natural
(...). Qualquer um que seja íntimo de uma Mulher Selvagem está de fato na
presença de duas mulheres (...). O esforço de compreender essa natureza dual
das mulheres às vezes faz com que os homens, e até mesmo as próprias mulheres,
fechem os olhos e bradem aos céus em busca de ajuda.
Que TPM que nada, o buraco é muito mais embaixo... aqui meu humilde
comentário é o seguinte: enquanto a própria mulher não se entender como um ser
dual, como um ser lunar (e por que não lunático? rs...), não há bom aluno que
dê jeito. Precisamos nos conhecer e nos entender antes de querer que o parceiro
o faça. E uma vez iniciado esse processo, aí sim vamos ensinando aos nossos
aplicados alunos como é que a banda toca.
O capítulo segue por detalhamentos muito interessantes, que deixarei
para que os mais interessados descubram por si. Mas há uma frase no final que
merece ser citada:
O bom partido é o homem que
insiste em voltar para tentar entender, é o que não se deixa dissuadir.
Reforçando o conceito de “bom aluno”, não basta ficar quieto na sala
de aula e tirar um cochilo ou ficar rabiscando. Muito menos sair para o recreio
e não voltar, matar aula. Quem está realmente disposto a aprender não fica com a boca escancarada cheia de dentes
esperando o conhecimento chegar (essa citação é do meu querido professor
Marcos Sorrentino, parodiando uma famosa canção de Rauzito e tentando nos
ensinar um pouco sobre educação).
Bem, uma vez resolvido o parceiro, o próximo capítulo fala sobre a
evolução dos relacionamentos amorosos e é absolutamente lindo. Seu nome é “A
caçada: quando o coração é um caçador solitário – encarando a natureza de
vida-morte-vida no amor”.
Se quisermos ser alimentados por
toda a vida, precisaremos encarar e desenvolver um relacionamento com a
natureza da vida-morte-vida. Quando temos esse tipo de relacionamento, não
saímos mais por aí à caça de fantasias.
O interessante aqui é que ela chama atenção para o fato de que dentro
de um mesmo relacionamento, com uma mesma pessoa, existe essa ação da natureza
da vida-morte-vida. Quando não sabemos disso ficamos um pouco apavorados quando
uma “morte” se aproxima e nos desgastamos para manter uma vida que na verdade
deveria deixar de existir, para que outra venha e para que o relacionamento
evolua. Fica mais fácil entender dessa forma:
São sete tarefas que ensinam uma
alma a amar outra profundamente. São elas a descoberta da outra pessoa como uma
espécie de tesouro, muito embora não se perceba a princípio exatamente o que
foi encontrado. Em seguida, na maioria dos relacionamentos, vem a caça e a
tentativa de ocultação, um tempo de esperanças e receios para os dois lados. Depois
vem a tarefa de desenredar e compreender os aspectos da vida-morte-vida do
relacionamento e a compaixão dessa tarefa. Segue-se a confiança que gera o relaxamento,
a capacidade de descansar na presença do outro, acompanhada por um período de
compartilhamento dos sonhos futuros bem como de tristezas passadas, sendo esse
o início da cura de ferimentos arcaicos relacionados ao amor. Finalmente, o uso
do coração para fazer brotar uma nova vida e a fusão do corpo e da alma (...).
O amor tem seu custo. Ele exige
coragem.
(...) Repetidas vezes observo um
fenômeno em amantes, independente do sexo. Algo no relacionamento começa a
diminuir e cai em entropia. Com frequência, o doloroso prazer da excitação
sexual se abranda, um passa a perceber o lado frágil e ferido do outro, ou
ainda um deixa de ver o outro como “material digno de admiração”. Parece tão
repulsivo, mas esse é o momento perfeito em que se apresenta uma verdadeira
oportunidade de demonstrar coragem e conhecer o amor. Amar significa ficar com.
Significa emergir de um mundo de fantasia para um mundo em que o amor duradouro
é possível, cara a cara, ossos a ossos, um amor de devoção. Amar significa ficar
quando cada célula manda fugir.
Não é forte saber isso? Quando a gente não se dá conta de todo esse mecanismo,
parece que a ordem das células para fugir deve ser obedecida imediatamente! Podemos
identificar como um aviso da intuição de que algo está errado, de que não é
essa a pessoa. Mas na minha experiência pessoal passei exatamente por isso,
duas vezes e, embora não tivesse esse conhecimento, consegui ouvir a intuição
forte de que o que eu sentia era um amor muito grande, por mais que a razão e “cada
célula” me mandasse fugir. E fiquei.
Putz, esse capítulo é grande pra caramba! Ainda bem, porque se ela
conseguisse decifrar e explicar todos os meandros do amor em poucas páginas, eu
simplesmente não acreditaria, rs... mas o (meu) recado está dado e se você se
identificou com o que transcrevi, ou se simplesmente ficou curioso pra saber
onde isso vai dar, leia o capítulo! Nem precisa ler o livro todo, pois os
capítulos são bem “autosuficientes”.
De qualquer forma, fica a dica para os novos amantes: no começo tudo é
lindo, mas não demora a ficar bem estranho e essa é a prova de fogo. Se você
pular fora, vai entrar em outra relação linda, que também vai ficar estranha
rapidinho. Se você ficar, vai passar por um processo árduo de transformação em
dupla, mas que os conduzirá a um estado muito mais lindo do que aquele inicial.
Acredite, vale a pena!
PS – Isso tudo funciona apenas quando você encontrou um parceiro que
valha o investimento e que também esteja disposto a passar por cada tarefa que
ensina uma alma a amar outra profundamente. Agora, se você é uma curva de rio,
mulher de malandro ou o moço bonzinho que sofre nas mãos de malvadas megeras,
observe melhor com quem você anda se relacionando (amizades, inclusive) e trate
de mudar de grupo!
Curti pra caralho!!! (pode falar palavrão???) :D
ResponderExcluirHehe, claro que pode! Que bom que você curtiu ;)
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