terça-feira, 28 de setembro de 2010

Eu sou assim

Eu gosto muito da Revista TPM (Trip pra mulher), pois ela sai um pouco do banal que geralmente impera nas revistas femininas. Acompanhei fielmente a publicação nos três primeiros anos, depois "dei um tempo" e de vez em quando eu volto a dar uma olhada (na edição do mês passado saiu até uma matéria com a minha irmã! Leia aqui).


Só que uma nota da seção "Badulaque" desse mês me deixou meio preocupada. Veja a seguir, e abaixo eu digo o por que da preocupação:



Lugar de família é no Orkut!
Viemos alertar sobre a constante invasão da família no Facebook. É a nossa vida virtual!

"Sem medo de parecermos más, viemos alertar sobre a constante invasão de mães, tios e primos no Facebook. Não, não queremos que eles saibam tudo de nossa vida virtual. Prontofalamos.
No século passado, o Orkut era para poucos. Só as pessoas que eram obcecadas por internet faziam parte da rede. Até que primos e, para pavor dos usuários, mães e amigos de infância começaram a fazer parte do site. Tudo deu certo porque logo apareceu o Facebook. Migramos para lá e largamos a parentada no Orkut. O problema é que agora as mães descobriram o Facebook!
Sabemos que estamos sendo politicamente incorretas, más e infantis ao falarmos isso. Mas vai dizer que não é verdade? Você quer mesmo que os seus pais e primos distantes te vejam bêbada com uma roupa bizarra em uma festa? Detectamos também outro problema. Amigos desta revista relatam que seus filhos pré-adolescentes também entraram no Facebook!
"Eu não desejo para a minha mãe que ela entre no Facebook", diz o estudante Boo Svalbard. Segundo ele, seria péssimo para a mãe "ver as coisas que ele faz". "E ela iria entrar para o FarmVille e ficar me pedindo para ajudar a comprar planta", diz o garoto, que respirou aliviado quando o seu pai teve o Orkut interditado pela mãe. "Ela ficou com medo de ele entrar em comunidades de encontros."
O cineasta Felipe Dallanese, 30, arrumou um jeito de lidar com "primos distantes" que começaram a entrar no Facebook. "Você pode fazer listas e escolher o que as pessoas que estão em cada uma podem ver", conta. E continua. "Fiz uma lista que dá mínimo acesso a pessoas que eu não conheço e parentes." Sim, essa pode ser a solução. Se você não quiser que um parente distante escreva no seu mural algo do tipo "não sabia que você tinha amigo travesti".
Mas nem tudo tem solução. Algumas mães, por exemplo, passaram a seguir as suas filhas no Twitter, como maneira de saber o que elas estão fazendo. "A minha mãe é a minha maior stalker", diz a editora de sites da Trip, Flávia Durante. "Ela entra todo dia para me vigiar!" E dar block na mãe pode? Melhor não, né?"

Bom, a primeira coisa que eu pensei quando li isso foi: se você não quer que te vejam "bêbada com uma roupa bizarra em uma festa", então NÃO VÁ COM UMA ROUPA BIZARRA A UMA FESTA E NÃO FIQUE BÊBADA! - Eu até pensei em dizer: NÃO COLOQUE A TAL FOTO NO FACEBOOK, mas do jeito que a vida privada anda cada vez mais pública, nada impede que outra pessoa faça isso por você... Ah, mas vou ficar me reprimindo? Se a resposta for essa, chegamos realmente a um impasse... o que te impede de assumir seus gostos e seus atos? Por que precisamos ser "boas moças" diante da família, mas quando estamos entre amigos podemos "soltar a franga"? Há uma incoerência aqui.


E qual o problema de assumir o seu amigo travesti? Se você tem uma família extremamente "careta", imagino que não deva ser nada fácil, mas eu acho muito importante ir "educando" a família, mostrando os outros lados ou, simplesmente, pedindo respeito... entendo que isso dá um certo trabalho, demanda mais energia. É tão mais fácil tapar o sol com a peneira... mas é tão covarde também.


Talvez essa minha indignação seja porque eu tenho uma família tão bacana, que nunca me "causou problemas"; ou também porque minha vida é "um blog aberto". Mas até que entendo essa preocupação com a "privacidade virtual" (embora que, uma vez que esteja na rede, já era nêga!). Quando passei a divulgar o Aralume no rodapé do meu e-mail, no começo eu apagava o endereço quando mandava um e-mail de trabalho, afinal, "vida particular e profissional não se misturam" e aqui no Aralume eu não tenho frescura nenhuma, escrevo o que der na telha mesmo. Até que chegou um momento que eu falei "Quer saber?! Dane-se!". Eu prefiro que as pessoas me conheçam, para correr menos risco de decepções e mal entendidos. Lá está o endereço do Aralume no rodapé do meu e-mail... quer quiser entrar, entra; quem quiser achar que eu sou uma louca, que ache; se não quiser me contratar porque eu voto na Marina, azar o seu; se acha que eu sou uma pervertida por ficar falando de sexo por aí, fique longe de mim mesmo; se "pega mal" soltar um ou dois palavrões de vez em quando, sorry.


Como diz o Paulinho da Viola: "Eu sou assim, quem quiser gostar de mim, eu sou assim!". Só que não entenda esse "sou assim" como, "sou assim e não vou mudar nunca"... muito pelo contrário! Eu "sou assim, um ser humano em constante mutação" (adoooooro a Metamorfose Ambulante!). O fato de eu me mostrar como eu sou, independente das consequências, não significa que eu não leve em conta a opinião das pessoas. Levo sim, e como levo! Fico às vezes "matutando" dias em cima de algum comentário que fazem a meu respeito... "ah, você é muito isso; você é muito aquilo; você precisa ser mais x; ser menos y". O legal da gente se mostrar sem máscaras (e a gente acaba colocando alguma, mesmo inconscientemente), é que os retornos também costumam ser mais verdadeiros, e isso é muito bacana pro aprimoramento pessoal. A gente precisa muito ouvir, peneirar e aplicar esse feedback que as pessoas nos dão a todo momento. Mas se você insiste em fazer uma imagem de "boa moça", enquanto lá dentro quer mais é enfiar o pé na jaca, aí não funciona... essa ajuda externa nunca vai ser acertada e você vai continuar falando "fica quieto que você não me entende!"... claro, você não explica!
  
A Ana Clara, minha irmã, uma vez colocou isso de uma forma muito prática, que eu uso "na vida e na prova": se as pessoas, ainda mais pessoas que eu gosto, nas quais eu confio, vivem me dizendo que eu sou muito isso, ou pouco aquilo, por mais que eu ache que não, é um ponto a ser pensado. Não é possível que de repente todo mundo ficou louco e só eu sou a lúcida... talvez eu nem seja mesmo muito isso, ou pouco aquilo, mas a forma como eu venho me mostrando é. Think about...

4 comentários:

  1. Carol ... amei!
    Vou postar pros meus filhos e principalmente minha filha que acha que eu "Causo" muito!
    A verdade é que eu sou assim, uma mãe que sabe dos filhos mais pelos outros (amigos), isso principalmente pq eles moram com o pai e eu agora estou no RS ... fazer o quê !?!?
    E mais .. eu nem quero que eles sejam diferentes, eu quero que eles tenham personalidade pra serem eles mesmo e principalmente ... quero que sejam felizes com toda a imperfeição se ser humano!
    Amo muito vcs ! Beijos .

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  2. Oi Rê! Respondi lá no Facebook, mas adoro comentários aqui no blog, então vou responder de novo, rs...

    Essa relação mãe/filho é complicada, porque tem um conflito de gerações que é inevitável. Mas a gente vai levando e eu adoro tudo isso, essas descobertas, conversas, ajustes!

    Beijo!

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  3. Eu te Amo... Assim como a sua (nossa) vida é!!!!

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  4. Lindo da minha vida! Eu também te amo muito, cada vez mais - se é que é possível... mas é!

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