terça-feira, 5 de outubro de 2021

Eu te amo

O que fizemos com o amor?

Esse aprisionamento do "eu te amo" nada tem a ver com amor.

Amor é incondicional. Não existe "eu te amo, se...", "eu te amo, mas...", "eu te amo porque..."

Amor não precisa de motivo. Que tal se formos capazes de amar incondicionalmente todos os seres? Gente, bicho, planta e pedra. Terra, água, ar e fogo. Terra argila, terra areia. Água nuvem, água névoa. Ar vento, ar fumaça. Fogo brasa, fogo lava.

Planta com espinho, planta com flor.

Bicho peludo e bicho liso.

Gente que gosta da gente e gente que não tem nada a ver com a gente.

Amor tem a ver com admiração (admiração pura e simples, não admiração "porque"). Amor tem a ver com compaixão (aquele desejo genuíno de que o tal "objeto do amor" cumpra sua trajetória, independente dos porquês). Amor tem a ver com respeito, que não tem nada a ver com troca. Amor tem muito a ver com liberdade.

Amor tem muito a ver com liberdade.

Muito.

Se existe qualquer ganchinho que tenha qualquer intenção de prender, não é amor. Arruma outro nome, mas faz esse esforço em nome do amor: NÃO. É. AMOR.

Pensando em casais, trisais ou poliamores, deixo algumas sugestões:

Quer chamar de compromisso? Eu me comprometo com você (s) (comprometo a quê? Espero que vocês se perguntem)

Quer chamar de necessidade? Eu preciso de você (s) (preciso pra quê? Espero que vocês se perguntem)

Quer chamar de desejo, vontade? Eu quero você (s) (quero como? Espero que vocês se perguntem)

-- curioso como o "eu te amo" não precisa de perguntas... justamente porque a ideia é que seja incondicional... mas aí a gente usa o "eu te amo" no lugar do "eu te quero" e esquece que perguntas precisam ser feitas quando a gente entra nos papeis condicionados

Pensando em relações de pais/mães/filhos, algumas sugestões (que também servem pra situação acima):

Podemos chamar de cuidado: Eu cuido de você (cuida como, o que você entende por "cuidar")

Podemos chamar também de preocupação: Eu me preocupo com você (preocupa com quê?)

Podemos sim chamar de apego, que tem a ver com a necessidade, com essa coooooisa de ter que estar grudado, junto, sob os olhos e as asas. Caraca, isso NÃO. É. AMOR!!! Tudo bem sentir apego, lide com isso, mas pelamor, não chama de amor!

Pensando em relações de amizades, a mesma coisa. Quais mais? Quais as relações de amor na sua vida?

Quais os verdadeiros amores? E quais os pseudo-amores? Não que você não ame suas relações de apego, desejo, compromisso... ama também... mas o amor está lá no fundo, soterrado, coitado, sob camadas e camadas de desamor vestido em roupinha rosa de faz-de-conta-que-é-amor.




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