sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

viver a casa

... hoje consegui varrer o chão. Da cozinha. E quando ameaçava me angustiar com o trabalho doméstico que se avoluma incessantemente, no mesmo ritmo do relógio que caminha a despeito das minhas vontades, percebi que

posso olhar as manchas no chão da cozinha como memórias de uma vida que ali houve

Posso olhar as manchas no chão da cozinha como fatos de uma vida que ali há

Uma vida que se demora

Uma vida que não quer ir embora

a sujeira, o lixo, os resíduos, os vestígios
as lágrimas, as olheiras, as rugas, a flacidez

são marcas da vida
registros da vida

Calma.

Não, não vou viver na sujeira nem abandonar meu corpo

Eu escolho a vida que quero ter

Não quero uma vida decadente, da mesma forma que não quero uma vida asséptica

Quero uma vida que pulsa.





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