quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Jalapão e Chapada dos Veadeiros - Parte 9 de 10: lixo


Eu sempre tenho muito cuidado com as "pegadas" que deixo, inclusive e principalmente onde moro, mas quando estou em locais de natureza menos perturbada a atenção para mantê-la daquela forma salta aos olhos.

Nessa viagem eu tinha uma meta ousada, que seria de trazer todo o lixo reciclável de volta a Itu, deixando os resíduos orgânicos devidamente distribuídos ou enterrados e os não recicláveis em cidades com mais estrutura. Fracassei.

Durante uma semana inteira eu não deixava ninguém jogar nem um saquinho de nutry na lixeira da cidadezinha, ia guardando cada embalagem... no acampamento selvagem é claro que só deixamos as folhas do alho poró do risoto (ah, o risoto!) e umas cascas de cebola e banana. Jogamos num canto do lado da mata e cobrimos com folhas secas. No dia seguinte deixamos uma sacolinha de lixo não reciclável em Ponte Alta (o saquinho do tomate seco, por exemplo, que era puro óleo).

No camping Rio Novo acabamos destinando o lixo não reciclável às lixeiras do camping, sabendo que esse lixo depois seria queimado. Mas o lixo não reciclável era bem pouco, basicamente alguns guardanapos sujos e filmes plásticos, que usamos muito raramente. Continuei na minha campanha de guardar o lixo reciclável.

Só que o ponto onde fracassei foi justamente na "organização" do lixo (você tá achando que eu sou louca?! Viajando de férias e pensando em "organização do lixo", tsc, tsc...). Enfim, algumas embalagens precisavam ser lavadas antes de ir pra sacola dos recicláveis e nem sempre elas iam totalmente limpas e secas, o que foi gerando uma certa mistura indesejável...

Eu poderia/deveria ter separado uma sacola só para os lixos bem secos, como papeis e plásticos limpinhos (uma forma também de diminuir o volume) e outra para os lixos que foram lavados... já seria um jeito de evitar que tudo virasse uma paçoca. Poderia, deveria, mas não fiz. Pode parecer desculpa, mas nossa vida lá foi muito corrida! Acordávamos super cedo, passávemos boa parte do dia fora e cada refeição era um ritual de sacolas e mais sacolas, todo mundo na função corta, separa, lava, seca, guarda, busca isso, busca aquilo. E no fim não é que nem em casa que pode deixar a louça na pia! A gente organizava e guardava TUDO no carro porque algum bicho poderia se interessar pela nossa dispensa... um mutirão mesmo.

Bem, eu poderia ter ficado uns 10 minutos a menos no rio e organizado o lixo, mas não fiquei. Eu poderia não ter feito a minha única prática de Yôga da temporada, mas fiz. Eu poderia ter deixado de ler as oito páginas do livro que levei, mas não deixei... e o preço disso é assumir publicamente que eu fracassei na minha meta ecológica.

Quando estávamos saindo de Palmas foi constatado que o saco do lixo estava vazando "uma aguinha" e sujando a bagagem, ao que decidimos abandoná-lo no posto de gasolina... pelo menos foi em Palmas, uma capital... espera-se que eles tenham cuidado adequadamente do nosso lixo :(

A partir daí dei uma desanimada e o máximo que fiz foi incentivar a separação do lixo orgânico e reciclável no camping de Cavalcante... mas todo o lixo ficou lá.

A lógica de trazer o lixo a princípio é simples: se a embalagem foi, cheia de coisa dentro, porque não trazê-la de volta, vazia e ocupando bem menos espaço? Claro que seria lindo se o planejamento das pequenas cidades turísticas levasse em conta sua população flutuante, com uma boa coleta e destinação dos resíduos gerados por essa população, de forma direta e indireta, mas a gente sabe que não é bem assim... então é uma questão de cidadania trazer de volta o máximo possível de resíduos, pelo menos aqueles que você levou!

Essa foi a minha primeira tentativa nesse nível, com essa escala (tantas pessoas e tanto tempo). Não consegui fazer tudo o que queria, mas fiz alguma coisa. E tem também o lado do exemplo, de fazer pensar. Pros engenheiros florestais pode não ter havido muita novidade e nem mesmo pra minha irmã, que tem uma educação mais ambiental, "agravada" pela convivência com os engenheiros florestais. Mas no Pablo notei algumas exclamações e interrogações... será que alguma semente foi plantada?

Fotografias:
Jalapão, até a próxima! Agora vem a seção da Chapada dos Veadeiros, começando pela comunidade quilombola Kalunga, onde tem a incrível cachoeira da Santa Bárbara, um tesouro de água azul turquesa! Picasa.

Cenas do próximo capítulo:
Freestyle! Pra encerrar a novela algumas reflexões sobre imprevistos e a importância de "deixar rolar"!

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