quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Jalapão e Chapada dos Veadeiros - post scriptum


Brasília não estava nos planos, mas adorei esse pequeno desvio de rota, pois nunca tinha estado na nossa capital. Foi uma passada breve, uma noite e meio dia.

Minha primeira impressão da cidade foi estranha, muito estranha. Nem ruim, nem boa, estranha.

A navegação na cidade é estranha, com aqueles códigos estranhos designando os endereços (coitado do Gepeto, ficou doidinho!).

Senti uma emoção estranha ao ver a rampa do Palácio do Planalto. Fiquei imaginando a Dilma lá, nossa primeira presidente mulher.

Foi estranho ver o soldado no Palácio da Alvorada com aquela "fantasia" estranhíssima.

Se eu fosse católica certamente seria estranho entrar na catedral, mas como não sou, foi simplesmente a sensação de estar dentro de uma obra de arte!

Aquele "mar" no meio do cerrado é estranho. Bonito, mas estranho.

Fora isso, eu só conseguia pensar em duas coisas: "será que é ali o FMDO?!" (se você ainda não assistiu Os Aspones, não perca tempo! Caricatura de Brasília e seu funcionalismo... tem que rir pra não chorar ou rolar de rir pra não desesperar, pra ser mais exata) e "o Niemeyer é foda mesmo" (adoro o velhinho e mesmo com todas as críticas à orgia de concreto, sou fã de suas obras!).

Foi em Brasília que o grupo se separou, pois o Pablo voltou de lá direto para o Rio. Nesses últimos instantes da viagem já começam a surgir os pensamentos sobre segunda-feira e "como será essa semana"; na volta viemos vendo as fotos uns dos outros, lembrando dos lugares e como parecia taaaaaaanto tempo que estávamos viajando; viemos também relembrando as frases mais ditas e rindo muito; muitas das informações dessa série pro Aralume eu compilei nesses quase mil quilômetros de volta, fazendo todo mundo lembrar dos nomes, resgatando recibos de cartões para anotar os preços.

Falamos também sobre a inevitável DPV (Depressão Pós Viagem). Comigo é sempre, não tem jeito. Por mais que eu goste de chegar em casa, por mais que eu estivesse seca de saudade do Pajé e do Jawa, por mais que eu quisesse voltar a dar as minhas aulas, não tem jeito. É só abrir um solzinho que eu penso que a Cachoeira do Formiga deve estar vazia nessa quarta-feira. É só ver um por do sol ou o nascer da lua pra eu querer que a paisagem se transforme e árvores surjam no lugar de casa casa.

Organizar essas fotos (de cinco câmeras enlouquecidas!!!) foi ao mesmo tempo um bálsamo e uma tortura! A vontade louca de estar lá e o sentimento de que estive lá se misturando e competindo. Fico com o último, é claro. Não faz sentido estar em um lugar querendo estar em outro. As areias do Jalapão estarão para sempre na minha pele, o frescor da água da Chapada está acessível sempre que eu quiser, o horizonte amplo ainda inunda meus olhos, o cheiro de mato nunca sairá do meu olfato e o meu coração se enche de alegria só por saber que esse lugar existe e que ele é meu.


Fotografias:
Pronto, chega! Nossos olhares sobre Brasília no Picasa.


Cenas do próximo capítulo:
Acabo de concluir o meu planejamento de viagens para 2011 (as outras foram Picinguaba e Mamanguá). Cedo, né?! Por enquanto planos incipientes para 2012, com uma lista que não para de crescer!

Jalapão e Chapada dos Veadeiros - Parte 10 de 10: freestyle

Coisa que gosto é poder partir sem ter planos, melhor ainda é poder voltar quando quero...

Ah, Milton, nem fale, deve ser mesmo uma delícia! Mas agora me dou conta de que nunca fiz isso e começo a pensar por quê...

1) adoro planejar as coisas! No caso das viagens, planejar já é um jeito de começá-la, estendendo assim os preciosos momentos on the road. Eu realmente me divirto navegando por sites e blogs, perguntando pras pessoas que já foram, folheando os Guias 4 Rodas!

2) e quando ao "poder voltar quando quero", bem, isso pra mim é realmente um mistério da vida nômade. Não entendo como as pessoas conseguem esse nível de desprendimento. Todas as datas das minhas voltas de viagens sempre estiveram atreladas a compromissos escolares ou profissionais... se bem que na época da faculdade, quando tinha quase três meses de férias, até que conseguia fazer um esquema "quando acabar a grana eu volto". E aí surge o outro limitador: grana! Mais um mistério da vida nômade pra mim. Quando leio relatos de viajantes que ficaram meses, anos, viajando sempre me pergunto: Quem paga? Como ele consegue?

Quem sabe um dia eu consiga o desprendimento dos compromissos e consiga também superar o paradigma financeiro de que viagem é sinônimo de gasto sem entrada. Só pelo exercício de quebra de paradigma já seria interessante, vou pensar no caso ;)

A reflexão também me traz a vontade de fazer uma viagem totalmente "sem planos". Totalmente mesmo, já pensou? Fazer uma mochila básica, ir até a rodoviária e escolher o destino, a partir daí, outro e outro, ou então ficar apenas no primeiro, quem sabe?! Acho que vale a pena passar por isso pelo menos uma vez na vida!

Mas mesmo com os planejamentos e uma certa imobilidade de datas, ainda considero importante o "espírito" freestyle ao viajar. No caso dessa viagem nós tínhamos alguns grandes objetivos: conhecer o Jalapão e passar na Chapada dos Veadeiros, mas os detalhes ficaram em aberto. Não definimos exatamente onde pernoitaríamos ou quanto tempo ficaríamos em cada lugar. E mesmo o que foi definido, estava aberto a mudanças. Tem que estar, ou você quer ter a pretensão de controlar o destino?!

Pra mim a grande vantagem do planejamento prévio é economizar tempo de viagem e muitas vezes dinheiro, pois com alguns indicativos de onde ir, você vai mais rápido e gasta menos com bobagens. Mas e se na hora que chagar lá não for o que você estava imaginando? Muda! Sem drama, simplesmente vai atrás de outra coisa.

Esse jogo de cintura é fundamental quando acontecem os imprevistos (que sempre acontecem, então com isso já conseguimos prever o imprevisto, rs... por mais paradoxal que seja é a verdade. Quando você sabe que pode acontecer um imprevisto, fica de sobreaviso, calcula um tempo um pouco maior pra fazer a viagem com tranquilidade, leva um dinheirinho a mais). Mas nada de paranoia! Não gosto de ficar pensando em coisas ruins ou planejando em cima de suposições (e se o carro quebra, e se alguém fica doente, e se...). Basta levar o cartão do seguro, um kit de primeiros socorros, um livro (pras longas esperas), um amigo (que vai com você ou aparece no meio do caminho!) :) Além disso, o que mais se há de fazer?! Deixa vir, deixa rolar. No fim, tudo é história e situações inesperadas nos levam a lugares inesperados (é memo?!), com suas surpresas e novidades.

Gosto de encarar a viagem como uma oportunidade de autoconhecimento. Estar em lugares desconhecidos estimula o cérebro. Estar em situações de rara beleza faz aflorar emoções intensas. Ver outras realidades nos faz pensar melhor nas nossas. Sentir novos cheiros, novos gostos, ver novas flores, ouvir novos cantos, sentir a pedra, a água, o sol! Estimular os sentidos nos faz vivos!

E para isso tudo é preciso estar aberto, é preciso esquecer um pouco o relógio, o calendário, o celular, o e-mail... esses são os momentos freestyle das viagens pra mim. E são nesses momentos que você pensa "quer saber, vou ficar aqui mesmo!", quando na verdade tinha planejado ir adiante; ou então são nesses momentos que você escuta uma história sobre um lugar XYZ, que te dá uma vontade louca de ir conhecer e vai, quando o plano seria ficar mais um pouco.

Mesmo que você tenha partido com planos, mesmo que você não posssa voltar exatamente quando queira, o tempo entre a data de partida e a de chegada é seu e os planos podem mudar junto com os ventos.

Fotografias:
De uma só vez os dois últimos passeios da Chapada: Rei do Prata e Ponte de Pedra. Picasa.

Cenas do próximo capítulo:
Rá, pensou que tinha acabado?! Por falar em freestyle, ainda falta o último lote de fotos, do lugar que foi o "bônus" da viagem: Brasília.


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Jalapão e Chapada dos Veadeiros - Parte 9 de 10: lixo


Eu sempre tenho muito cuidado com as "pegadas" que deixo, inclusive e principalmente onde moro, mas quando estou em locais de natureza menos perturbada a atenção para mantê-la daquela forma salta aos olhos.

Nessa viagem eu tinha uma meta ousada, que seria de trazer todo o lixo reciclável de volta a Itu, deixando os resíduos orgânicos devidamente distribuídos ou enterrados e os não recicláveis em cidades com mais estrutura. Fracassei.

Durante uma semana inteira eu não deixava ninguém jogar nem um saquinho de nutry na lixeira da cidadezinha, ia guardando cada embalagem... no acampamento selvagem é claro que só deixamos as folhas do alho poró do risoto (ah, o risoto!) e umas cascas de cebola e banana. Jogamos num canto do lado da mata e cobrimos com folhas secas. No dia seguinte deixamos uma sacolinha de lixo não reciclável em Ponte Alta (o saquinho do tomate seco, por exemplo, que era puro óleo).

No camping Rio Novo acabamos destinando o lixo não reciclável às lixeiras do camping, sabendo que esse lixo depois seria queimado. Mas o lixo não reciclável era bem pouco, basicamente alguns guardanapos sujos e filmes plásticos, que usamos muito raramente. Continuei na minha campanha de guardar o lixo reciclável.

Só que o ponto onde fracassei foi justamente na "organização" do lixo (você tá achando que eu sou louca?! Viajando de férias e pensando em "organização do lixo", tsc, tsc...). Enfim, algumas embalagens precisavam ser lavadas antes de ir pra sacola dos recicláveis e nem sempre elas iam totalmente limpas e secas, o que foi gerando uma certa mistura indesejável...

Eu poderia/deveria ter separado uma sacola só para os lixos bem secos, como papeis e plásticos limpinhos (uma forma também de diminuir o volume) e outra para os lixos que foram lavados... já seria um jeito de evitar que tudo virasse uma paçoca. Poderia, deveria, mas não fiz. Pode parecer desculpa, mas nossa vida lá foi muito corrida! Acordávamos super cedo, passávemos boa parte do dia fora e cada refeição era um ritual de sacolas e mais sacolas, todo mundo na função corta, separa, lava, seca, guarda, busca isso, busca aquilo. E no fim não é que nem em casa que pode deixar a louça na pia! A gente organizava e guardava TUDO no carro porque algum bicho poderia se interessar pela nossa dispensa... um mutirão mesmo.

Bem, eu poderia ter ficado uns 10 minutos a menos no rio e organizado o lixo, mas não fiquei. Eu poderia não ter feito a minha única prática de Yôga da temporada, mas fiz. Eu poderia ter deixado de ler as oito páginas do livro que levei, mas não deixei... e o preço disso é assumir publicamente que eu fracassei na minha meta ecológica.

Quando estávamos saindo de Palmas foi constatado que o saco do lixo estava vazando "uma aguinha" e sujando a bagagem, ao que decidimos abandoná-lo no posto de gasolina... pelo menos foi em Palmas, uma capital... espera-se que eles tenham cuidado adequadamente do nosso lixo :(

A partir daí dei uma desanimada e o máximo que fiz foi incentivar a separação do lixo orgânico e reciclável no camping de Cavalcante... mas todo o lixo ficou lá.

A lógica de trazer o lixo a princípio é simples: se a embalagem foi, cheia de coisa dentro, porque não trazê-la de volta, vazia e ocupando bem menos espaço? Claro que seria lindo se o planejamento das pequenas cidades turísticas levasse em conta sua população flutuante, com uma boa coleta e destinação dos resíduos gerados por essa população, de forma direta e indireta, mas a gente sabe que não é bem assim... então é uma questão de cidadania trazer de volta o máximo possível de resíduos, pelo menos aqueles que você levou!

Essa foi a minha primeira tentativa nesse nível, com essa escala (tantas pessoas e tanto tempo). Não consegui fazer tudo o que queria, mas fiz alguma coisa. E tem também o lado do exemplo, de fazer pensar. Pros engenheiros florestais pode não ter havido muita novidade e nem mesmo pra minha irmã, que tem uma educação mais ambiental, "agravada" pela convivência com os engenheiros florestais. Mas no Pablo notei algumas exclamações e interrogações... será que alguma semente foi plantada?

Fotografias:
Jalapão, até a próxima! Agora vem a seção da Chapada dos Veadeiros, começando pela comunidade quilombola Kalunga, onde tem a incrível cachoeira da Santa Bárbara, um tesouro de água azul turquesa! Picasa.

Cenas do próximo capítulo:
Freestyle! Pra encerrar a novela algumas reflexões sobre imprevistos e a importância de "deixar rolar"!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Jalapão e Chapada dos Veadeiros - Parte 8 de 10: custos

É, a história tá rendendo... eu sempre arrumo um jeito de esticar as viagens e escrever sobre elas pra mim é a melhor forma! Dá pra estender tanto antes quanto depois, rs...


Mas então vamos lá. Quanto custa ir pro Jalapão?! Bem, depende... se você for com o Korubo fica em R$ 2.500,00 + passagem até Palmas (TO), um roteiro de 7 dias. E se você for com a gente =D fica em... tchã-rã-rã-rã...

Transporte:
O ponto de partida e chegada foi Itu (bem melhor do que Palmas, hein? rs...). Combinamos um valor por km para a Dalva, referente a manutenções gerais do carro como pneus, óleo, filtros, rebimbocas, seguro... esse valor foi de R$ 0,45/km + diesel + pedágios. Isso tudo ficou em R$ 693,00/pessoa.

Hospedagem:

Uberaba: Hotel Albatroz - R$ 100,00/casal
Pirenópolis: Pousada Dona Geni - R$ 90,00/casal s/ café da manhã
Arraias: Pousada Boi Carreiro - R$ 60,00/casal
Pote Alta: camping selvagem - R$ 20,00 de gorjeta pro vizinho :)
Mateiros: camping Rio Novo - R$ 10,00/pessoa
Palmas: Hotel Estrela - R$ 100,00/casal
Cavalcante: camping Canto do Brasil - R$ 12,00/pessoa
Brasília: Hotel Aristus - R$ 165,00
Uberlândia: Hotel Sara - R$ 89,00
TOTAL: 854,00/casal ou R$ 427,00/pessoa (desde que você tenha alguém pra dividir o quarto...)

Alimentação:
A nossa compra de supermercado, incluindo as iguarias mil da Zona Cerealista ficou em R$ 148,00/pessoa. Em restaurantes eu gastei mais R$ 262,00, então dá pra dizer que é possível passar muito bem no Jalapão (e Chapada e Palmas e Brasília) com R$ 410,00 mais a Ana =D (ah, na conta de restaurantes considere que eu não como carnes, então se você for fã de um peixinho ou churrasco pode colocar uma gordura nessa conta, com o perdão do trocadilho!). Aqui também não entram gastos com bebidas alcoólicas.

Passeios:
TUDO paga, cinco reais, dez reais, vinte reais... no dia que ficamos sem a Dalva tivemos que alugar o carro do S. Antonio, que foi R$ 1,80/km (incluindo o Diesel) e ficou em uns R$ 60,00/pessoa. Abaixo quanto custa pra conhecer cada uma das maravilhas:

Pirenópolis: RPPN Vargem Grande - R$ 20,00
Alto Paraíso: Cachoeiras das Loquinhas - R$ 12,00
Ponte Alta: Cachoeira Brejo da Cama - R$ 5,00
Mateiros:
Rio Novo - R$ 5,00 (é o valor que você paga pra entrar no camping, fora a hospedagem. Taxa única, independente do número de dias que você fique)
Dunas - R$ 5,00
Fervedouro - R$ 5,00
Cachoeira do Formiga - R$ 5,00
Cavalcante:
Cachoeira Sta. Barbara e Capivara - R$ 10,00 para entrar + diária do guia (R$ 50,00, dividido no grupo)
Cachoeira Rei do Prata - diária do guia: R$ 80,00 (dividido no grupo)
Ponte de Pedra - diária do guia: R$ 80,00 (dividido no grupo)
TOTAL: R$ 97,00/pessoa + aluguel do carro (imprevisto...) = R$ 157,00/pessoa

Passa a régua: Transporte + Hospedagem + Alimentação + Passeios = R$ 1.687,00/pessoa para 15 dias.

Dá ainda pra gastar mais um tantinho em compras... Em Pirenópolis tem lojinhas e mais lojinhas, mas como estava no começo da viagem não nos empolgamos muito, mesmo porque nem ia caber no carro. Mas vale a pena mencionar a loja Tertúlia - produtos culturais, onde gastei algumas notas. No Jalapão tem o indefectível capim dourado, a preços bem acessíveis (não vou contar porque dei alguns de presente, huiuhahahaha!). Em Natividade tem os biscoitinhos por R$ 5,00. E só... tudo bem que o perfil do grupo não era dos mais compradores, mas realmente não tem muito onde gastar dinheiro. Um artesanato aqui, outro ali (o fato de não caber nada no carro ajuda bastante a controlar os gastos, hehe!).

Levar dinheiro trocado é uma boa e no Jalapão não conte com cartões (vi essas dicas em sites antes de ir e elas procedem!). No Jalapão, tendo um GPS não precisa de guia, mas na Chapada o Gepeto não manda muito e alguns lugares, como a comunidade Kalunga, é obrigatório estar acompanhado por um guia. O passeio do Rei do Prata, como já mencionei antes, também pede um guia experiente. É só se informar no Centro de Atendimento ao Turista que eles costumam ser bem sérios e organizados. Os valores de diárias são meio padronizados de acordo com os passeios. Eu, de forma geral, não gosto muito de fazer passeios com guia, mas de vez em quando é bom, você sempre aprende mais sobre a região, além da distribuição de renda, que também é importante levar em conta ;)

Sobre custos ainda vale mencionar que é fundamental o grupo estar bem afinado com relação ao padrão dos gastos. Isso evita estresse na hora de escolher restaurante e hotel, principalmente. No nosso caso não teve nenhum acordo formal (mas tivemos conversas sobre custos antes, então todo mundo estava mais ou menos preparado) e tudo fluiu maravilhosamente bem, mas uma das frases mais repetidas na viagem foi: Precisa ver se o Departamento Financeiro aprova! Brincadeira e tiração de sarro, porque ninguém estava "contado moedinhas", mas 200,00 pra uma noite num hotel o Departamento Financeiro definitivamente não aprovava, rs... por outro lado, depois de passar dias e dias cozinhando num acampamento, sem gastar um tostão, ninguém estava preocupado com o preço do restaurante (ainda mais porque dava pra pagar com cartão, huiuahaha!).

Ter um certo conforto financeiro durante uma viagem ajuda a torná-la mais leve. Eu já viajei algumas vezes com dinheiro bem contado e só uma vez esbanjando (lua de mel, é claro, hehe!). Acho que me acostumei ao meio termo, de ter dinheiro suficiente, mas sem luxos. Luxos também são relativos, por isso digo que o grupo precisa estar de acordo sobre o que é luxo, o que é necessidade e o que é conforto básico.

Resumindo: valeu cada centavo e não consigo imaginar NADA que eu pudesse fazer com R$ 1.687,00 que me desse mais prazer, mais alegria, mais histórias pra contar, mais fotografias lindas, mais momentos de reflexão, aprendizado e crescimento do que essa viagem. Viajar, pra mim, é sim o melhor investimento!

Fotografias:
O resgate da Dalva: tudo vira festa! E Natividade, a princesinha do Tocantins: Picasa.

Cenas do próximo capítulo:
Lixo e meio ambiente! Ou você achou que ia ser só farra?!

sábado, 6 de agosto de 2011

Jalapão e Chapada dos Veadeiros - Parte 7 de 10: passeios

Depois de muita estrada e um hotelzinho meia boca, chegamos a Pirenópolis, uma cidade histórica perto de Goiânia. As ruas e calçadas são de pedra, o casario é muito bem conservado e colorido e o melhor: a fiação é subterrânea (Paraty, moooooooorra de inveja! rs...). Não tem praia, mas a cidadezinha é cercada de cachoeiras.

Como tínhamos apenas um dia em Piri, segui a dica de uma amiga de Brasília e fomos pra RPPN da Vargem Grande, onde tem duas cachoeiras, a Santa Maria e a do Lázaro (a primeira tem uma praia bem gostosa). RPPN - Reserva Particular do Patrimônio Natural - é uma categoria de Unidade de Conservação particular; é como um parque, tem também suas regras, mas a terra é de domínio privado. Tem um centro de visitantes bacana, com lanchonete, lojinha e banheiros.

No dia seguinte, pra abrandar a overdose de estrada, paramos pra almoçar em Alto Paraíso e fomos até as Loquinhas, que também é uma propriedade particular, com uma recepção e banheiros. São duas trilhas e ao longo delas distribuem-se 12 poços! Água cristalina e trilhas muito bem feitas, na maior parte suspensas (de madeira), com decks, bancos e escadinhas pra entrar na água, que nesse época é gelada! Fica do lado da cidade, o acesso é muito fácil.

A nossa próxima "atração" foi só dois dias depois, já no Jalapão: Cachoeira Brejo da Cama. Essa sim é só pra 4x4, ou a pé, ou a cavalo... bicicleta eu não recomendaria, rs... água limpíssima, poço ótimo pra banho, "hidromassagem". Foi lá que degustamos a melancia, hummmm... ah, e foi um dos poucos lugares da viagem onde não vimos NINGUÉM. Sensação de estar no meio do nada mesmo!

Depois nossa diversão foi no Rio Novo, no camping. A Ana encheu a boia pink e ficamos lá, tomando sol, fugindo do sol, lendo na praia, fazendo comida, comendo... ô trem bão! Só que depois do almoço já estávamos tendo crise de abstinência de estrada e fomos pras dunas!

A dica do S. Antônio foi ótima, que é ir ver o por do sol nas dunas. Como ele mesmo diz, "não tem nada pra fazer lá" e durante o dia fica um calorzão infernal, então já é meio de praxe a galera ir no fim do dia. Dito e feito: "nóis e a galera"! Acabou-se a sensação de estar no meio do nada... mas faz parte, nada que incomode (demais). O que importa é que nós chegamos primeiro e pegamos o melhor lugar, kkkkk... como presente dos céus ainda deu pra ver a lua cheia nascer, um espetáculo! Aí sim ficamos só nós porque a "galera" tinha medo do escuro... aff, escuro! Não precisava nem de lanterna tamanha era a claridade da lua cheia!

E enfim chegou o grande dia de conhecer o Fervedouro! O plano inicial era levantar acampamento e ir pra Mateiros, onde ficam o Fervedouro, a Cachoeira do Formiga e a comunidade quilombola que faz artesanato de campim dourado, mas... com o problema do carro tivemos que acelerar o cronograma e fizemos tudo isso num bate-volta.

Não deu pra ir na comunidade ver o campim dourado e a mulherada foi às compras enquanto o PC negociava o guincho/táxi com a seguradora. Foi nessa hora que ficamos sabendo que teríamos que ir pra Palmas "ainda hoje" e aí começou a gincana para conhecer os atrativos de Mateiros! Compramos meia dúzia de lembrancinhas e pé na estrada.

O Fervedouro é realmente incrível! Eu estava tentando controlar as minhas expectativas, pra não me decepcionar, mas superou mesmo as expectativas incontroladas! Não tem nem como descrever a sensação... mas imagine-se em um poço com fundo de areia, só que seus pés não tocam o chão e você também não afunda... a areia chega até a cintura, mas fica "fervendo"... uma coisa MUITO louca! A única desvantagem é que você sai de lá com areia até o ouvido (por dentro, rs...)!

A Cachoeira do Formiga fica pertinho do Fervedouro e a ideia incial era acampar lá, mas teria sido a maior roubada, porque estava LOTADO, a maior farofa. Tudo bem que era domingo... talvez o lance seja ir no meio da semana. Mas o lugar é realmente lindo. Mesmo com toda aquela gente a beleza salta aos olhos e a água azul impressiona. No fim, como diz meu amigo Axé, "tudo é perfeito" e a gente teve que passar correndo por esse paraíso ultra-povoado!

Em Palmas a gente não conseguiu passear, pois o conserto do carro foi rápido (UFA!). Hotel, shopping, restaurante japonês, supermercado, posto de gasolina com loja de conveniência... pronto, chega de cidade! A segunda parte da expedição foi para a parte menos explorada da Chapada dos Veadeiros, que tem Cavalcante como cidade de apoio.

Mas no caminho paramos em Natividade, a "princesinha do Tocantins" segundo o PC! A cidade é realmente uma graça, com casinhas muito fofas, um centro histórico super preservado, mas sem nenhum apelo turístico. Parece uma cidadezinha de novela (novela boa, é claro, coisa rara...). E lá tem uns tais de uns biscoitinhos, que o PC descobriu em uma viagem a trabalho. Lá fomos nós atrás dos biscoitinhos e fomos parar na fábrica! Super artesanal, o pessoal sentado em roda enrolando os biscoitos e ao fundo enormes fornos a lenha! A partir daí uma das frases bem repetidas, sempre que o Pablo ia arrumar a bagagem era: "cuidado com os meus biscoitos de Natividade!"

Em Cavalcante o primeiro passeio foi para a Cachoeira da Santa Bárbara, que fica dentro da comunidade quilombola Kalunga. Essa que é a cachoeira de água azul impressionante que eu e o PC fomos no ano passado e que de água na boca de muita gente! E lá estava ela, imponente, azul, gelada! Ainda dentro da comunidade tem a Cachoeira da Capivara, com água esverdeada, linda também.

Enquanto no Jalapão a gente teve uma vida sedentária ("chacoalhária", é verdade, mas tudo se chegava de carro), na Chapada tem que camelar! Pra ir na Sta. Bárbara e Capivara, se tiver de 4x4 anda menos, mas mesmo assim são uns bons minutos de caminhada.

No dia seguinte fomos pra Cachoeira Rei do Prata e aí sim a gente andou, andou, andou... o dia inteiro! Mas valeu a pena! Tem que ir com guia, pois fica dentro de uma propriedade particular. Tem um trecho de passagem difícil, pela água, que precisa até de corda, então é bom estar com alguém experiente. O trajeto passa por diversos córregos, então se você estiver acostumado a andar de papete é uma boa, ou então vai ter que ficar tirando e pondo tênis umas oito vezes! Ou, pior, andar de tênis molhado...

A ideia era ir embora logo cedo, pra dar uma passada em São Jorge, mas ouvimos umas "propagandas" de uma tal Ponte de Pedra e resolvemos conferir. Também precisa de guia e o Daniel mais uma vez nos levou. Tem paisagens muito lindas e um banho gelado para os corajosos. A caminhada é boa, com um trecho bem íngreme, mas não muito longo. Estávamos de volta a tempo de fazer o almoço, desmontar acampamento e seguir viagem.

Desistimos de São Jorge e fomos direto pra Brasília. Mais uma vez foi muito bom reencontrar os azulejos, tapetinhos de banheiro, cama e cia! Fizemos um passeio cívico bem sem vergonha, porque já estávamos adiando em um dia a volta e não dava pra ficar mais. Mas deu pra conhecer a cidade do alto na Torre de TV, passeamos pelos jardins da Dilma e entramos na catedral, que acho que foi "a escolha" de todo mundo (minha foi), dentre os monumentos de Niemeyer.

Tem a Ponte JK também que é muito linda e deixa aquela estaiada de São Paulo no chinelo.


Aí encerrou a nossa jornada e o próximo ponto turístico que eu vi foi o Orelhão de Itu, rs... mas esse já é tópico de outra viagem ;)


Fotografias:
As impressionantes águas azuis de Mateiros. Picasa.


Cenas do próximo capítulo:
Finanças! Tipo propaganda de cartão de crédito: não tem preço! =D