sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A formiga só trabalha porque não sabe cantar

A fábula da cigarra e da formiga nunca me convenceu muito... sempre achei cruel a pobre cigarra passar fome e frio só porque tinha dedicado seu tempo a fazer o que gostava e exercitar seu dom (coisas que, segundo a mensagem da fábula, não servem pra bancar o sustento de ninguém).

Mas o poder das histórias foge ao nosso domínio racional e, mesmo com dó da cigarra, a lição moral ficou gravada direitinho e acabei me tornando uma formiga (ou, pelo menos, achando que deveria ser uma formiga).

Então, nos meus momentos de formiga, invariavelmente acompanhados por cigarras cantantes, é inevitável lembrar dos conselhos da vovó de Rauzito: a formiga só trabalha porque não sabe cantar!

Aí a formiga resolve cantar, mas parece que já é tarde... alguém tem que trabalhar. As cigarras já assumiram seu posto e não parecem estar dispostas a trocar de papel.

Enquanto lava a louça e recolhe as garrafas, a formiga continua pensando e num lampejo descobre que não é formiga nem cigarra. Não é uma questão de ser, mas uma questão de estar. Todos temos o direito de ser cigarra de vez em quando e todos temos o dever de ser formiga de vez em quando.

A sociedade humana não é uma colmeia de abelhas, onde cada um tem seu papel definido e imutável. Os sistemas de castas que me perdoem, mas isso é pra inseto, não é pra gente! Uma sociedade humana só será justa e respeitosa quando todos, repito: todos, puderem se divertir, ter prazer e expressar seus dons e pra isso ocorrer, todos, repito: todos, precisam trabalhar.

Enquanto estivermos divididos em formigas e cigarras isso não vai acontecer... seguiremos sendo insetos.

E quem vai mudar esse sistema? A cigarra, que está lá cantando, felizona? Claro que não... quem tem que estabelecer os limites é a formiga. Essa transição não é fácil, pois no momento em que a formiga resolve que vai cantar o trabalho se acumula; então a formiga tem que ser disciplinada e deixar com que alguma cigarra faça o trabalho, por mais que demore, por mais que não saia tão bem feito, por mais que fique faltando alguma coisa.

A princípio, o medo da formiga é que ninguém faça o trabalho, mas as cigarras costumam ser prestativas (quem canta é alegre e pra uma pessoa alegre o trabalho não é um peso!). Formigas, deixem-se surpreender!

E não cobrem o primor com o qual vocês executariam a tarefa... as cigarras são principiantes, não tem a sua excelência. Simplesmente sejam humildes e aprendam com as cigarras o que elas tem a lhes ensinar, que é a leveza de fazer o que se gosta, o que muitas vezes precisa passar por um processo de descobrir do que se gosta. Mas não me venham com essa história de que vocês gostam de lavar louça! Permitam-se sair do chão!

Encerro com uma citação, que vi num livro da sala de espera do Spa que frequento em Campinas, o Azahar (pois é, como já disse, eu descobri que não sou formiga nem cigarra e, portanto, me permito frequentar um Spa entre uma pia de louça e outra!).

No mundo que está por vir, cada um de nós será chamado a prestar contas por todas as boas coisas que Deus colocou na Terra e que nos recusamos a desfrutar.

(não lembro o nome do livro, mas segundo ele essa citação é do Talmude, o livro sagrado dos judeus)

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A importância de manter as aparências

Alguns podem confundir com hipocrisia, mas pra mim trata-se de uma regra básica e importantíssima de convívio social.

Existem poucas, pouquíssimas coisas mais desagradáveis do que lidar com caras feias, maus humores e alfinetadas, mesmo quando não são dirigidos à sua pessoa, por isso digo que é importante - e respeitoso para com a comunidade envolvida - saber manter as aparências, ou seja, manter um clima leve e descontraído, por mais que estejamos passando pelas mais devastadoras tormentas internas.

Você pode até argumentar, perguntando pra que serve nosso círculo próximo de amigos e familiares, se não podemos desabafar com eles e relaxar em sua presença. A isso eu mesma respondo com uma autocitação, antes que você me lembre dela equivocadamente como suporte ao seu argumento: "quem tem amigos não tem o direito de sofrer sozinho".

Sim, esse círculo próximo de amigos e familiares só serve pra alguma coisa se puder te confortar em momentos difíceis e, ao mesmo tempo, é praticamente uma traição passar por grandes dificuldades e não compartilhar com essas pessoas, que te querem tão bem e que gostariam muito de ajudar.

Mas o que quero dizer com "manter as aparências" é praticamente que todos merecem respeito e consideração, ainda mais as pessoas próximas. Espalhar mau humor não é uma atitude respeitosa e não é assim que você vai conseguir ajuda. Para usufruir do apoio das pessoas queridas também é preciso levar em conta regras de etiqueta, que insisto em chamar simplesmente de respeito.

Uma atitude adulta e madura é chamar pra uma conversa, em momento apropriado para os dois, de preferência fora do "calor da hora", fora da tempestade causada pela gota d´água que transborda o copo cheio de mágoas. Ok, às vezes é no meio desse furacão mesmo que precisamos de ajuda, mas essa ajuda precisa ser pedida de forma concreta, de forma aberta e o mais longe possível do "elemento deflagrador" de tanta fúria, porque senão vira bate-boca e você coloca a tal pessoa querida numa situação extremamente desagradável. E isso não é lá atitude pra se ter com uma pessoa querida, não é mesmo?

De mais a mais, quando nos propomos a ter uma atitude consciente de manter um clima leve e descontraído, só isso já pode ajudar em muito a resolver o conflito em questão. Até agora falei sobre a reverberação de caras feias, maus humores e alfinetadas que recebemos de forma indireta, quando duas ou mais pessoas estão passando por desentendimentos. Mas imagine que você está passando por um desentendimento e a pessoa tal se propõe a ter uma atitude respeitosa e madura de não espalhar caras feias, maus humores e alfinetadas. A chance de que ambos cheguem a um acordo, a uma conversa sincera e sem "manhas" é muito maior.

A loucura do mês de dezembro já toma conta das ruas e das pessoas, o "clima natalino" já se instaura, doidinho pra lavar roupas sujas em plena ceia, mas não é só isso... a todo momento nos deparamos com pequenos desentendidos, com pequenas gotas d´água, que precisam de tempo e paciência para evaporar.

Não deixemos com que nossas tempestades internas respinguem naqueles que nos cercam, ou, pelo menos, saibamos providenciar capas de chuva e galochas, porque senão o chato de galochas vai ser você.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Irina Palm

Irina Palm é o nome da personagem principal do filme homônimo, que foi lançado em 2007 e tem quíntupla nacionalidade (França, Reino Unido, Bélgica, Luxemburgo e Alemanha), segundo o meu querido amigo Google.

A sinopse - portanto, não vou "contar a história" - é mais ou menos assim: uma senhora tem um neto gravemente doente e se compromete a conseguir dinheiro para custear seu tratamento. Sem crédito nos bancos e sem formação profissional, ela acaba caindo num clube privê, motivada pelo anúncio da vaga para recepcionista. Depois de descobrir exatamente do que se tratava ela reluta, mas acaba aceitando e se torna a grande estrela do lugar, sob o pseudônimo de Irina Palm.

O filme é classificado como "comédia dramática" e achei a descrição bem condizente, pois tem um enredo um tanto quanto triste (criança doente é pra arrancar lágrima de qualquer coração gelado, fala verdade?!), mas tem muitas passagens engraçadíssimas e no balanço geral fica longe de ser um drama... mas também não é assim uma comédia, enfim, foram felizes com a classificação.

O cenário principal é o tal clube privê, então se prepare para lidar com cenas de sexualidade explícita, embora não apareça nada "cabeludo", se é que você me entende... de qualquer forma, a censura é pra 14 anos.

Gostei muito do filme e identifiquei várias mensagens interessantes, não sei se "viagem" minha, mas me fez pensar e é isso que importa.

Se você ainda não assistiu, talvez seja melhor fazer isso e voltar depois a essa postagem, pois a partir daqui pode ser que minhas análises interfiram na sua vivência... mas se você não aguentar de curiosidade, fique tranquilo, não vou "contar o final" :)

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Pois bem, vamos lá:

O ponto do filme que mais chamou minha atenção é que a protagonista não mente. Ao contrário do que geralmente acontece nos enredos em que personagens que precisam manter segredo, vão se enrolando cada vez mais em mentiras e confusões, até tudo ser desvendado e prevalecer a moral "viu como não adianta mentir", esse filme vai na linha oposta. Ele mostra uma personagem que banca sua escolha e mais do que dizer "viu como não adianta mentir", a mensagem passada é mais assim: "olha como não precisa mentir". E não é que ela conte todos os detalhes pra todo mundo, pelo contrário (imagina uma senhora de meia idade trabalhando em um clube privê... não é assim tão simples bancar a verdade...).

Outra mensagem que ficou pra mim é que "só uma mãe entende outra mãe". Diria mais: "só uma mãe em desespero e sofrimento entende outra mãe em desespero e sofrimento". Essa passagem é particularmente bonita e me tocou de forma especial, uma vez que estou me preparando para ser mãe.

Nesse mesmo aspecto, entendi um pouco mais o que deve ser a experiência de ser avó. Dizem que vó é mãe duas vezes... acho que é mais complexo... pense: o maior sofrimento para uma mãe deve ser ver o filho sofrer (você que é mãe, me diga); um filho é um órgão extremamente sensível que funciona fora do nosso corpo, portanto é facilmente nosso ponto mais vulnerável (você que é mãe ou pai, me diga); então uma vó tem muito mais chances de ver o filho sofrer, uma vez que esse filho tem um filho e filho é propensão à vulnerabilidade. Respeito mais as avós (e avôs, ok) depois desse filme.

Por fim e voltando à história da verdade, uma outra mensagem é que a verdade, a simples verdade, pode ser a melhor das vinganças. Eu não gosto do "conceito" de vingança, acho bobagem, pois sou consciente da Lei do Karma, mas nesse caso é simplesmente dar um empurrãozinho na Lei do Karma... não precisa fazer nada além de dizer a verdade. Na hora certa, é claro, como um trunfo muito bem guardado.

E ainda tem outras coisas, pequenas passagens, que também dão margem a reflexões, mas aí você vai achar que o filme é perfeito demais e certamente irá se decepcionar, pois é o que geralmente acontece quando inflamos as expectativas!


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O melhor presente é a presença

Acho que todo mundo gosta de ganhar um pacotinho, eu também gosto, é claro. Mas faz tempo que tenho dado especial importância ao convívio, ao esforço que as pessoas fazem para estar juntas, que muitas vezes é bem maior do que qualquer esforço feito para comprar um presente...

Em tempos globalizados, com as comunidades cada vez mais difusas, amigos indo pra longe, menor vivência das cidades (quero dizer, anda-se menos a pé, encontra-se menos com as pessoas na rua, no mercado, nas esquinas do centro...); parece que todos estão correndo atrás do rabo pra ganhar uns trocados e quase não nos entreolhamos, ou pior, entreolhamo-nos através de facebooks e cia. e temos a impressão de que convivemos. Mas no fundo sabemos que isso não é convívio; nada como olho-no-olho, pele-na-pele e o som ao vivo dos sorrisos e - por que não? - das lamúrias.

Por essas e outras, considerando também a iminente onda de consumo característica da época, convido à reflexão: quanta presença de qualidade você tem oferecido às pessoas queridas?

Quanto tempo você oferece, descompromissadamente, aos seus filhos? Quantas visitas demoradas e leves você faz a seus pais? Há quanto tempo você não vê aquela tia querida? Quantos quilômetros você está disposto a viajar para rever um amigo? Quantas noites românticas você tem passado com seu amor?

Por outro lado, como você encara aquela pessoa que aparece sem um pacote nas mãos? Como você retribui as visitas que tem recebido?

E ainda, quais os compromissos que você "engole", quando na verdade gostaria de estar em outro lugar, com outras pessoas?

A vida é breve, saibamos valorizá-la!

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Coisas muito baratas que eu gosto muito

Nem sempre o melhor é o mais caro... veja algumas coisas muito baratas que eu gosto muito:

1. Panetone de Chocolate do Pão de Açúcar: por algo em torno de R$ 5,00 não fica atrás das "grandes marcas". E para os menos ortodoxos tem ainda uma outra vantagem: é possível comprar o ano inteiro!

2. Sauna do Hotel Buhler: por R$ 15,00 você tem direito a saunas seca e úmida, duchas, piscina aquecida, vestiário, toalha e sabonete de eucalipto :)

3. Viajar pela Bolívia: nada como estar em um lugar onde seu dinheiro vale alguma coisa para achar coisas boas e baratas ;)

4. Comprar livros pelo Estante Virtual: esse site reune um monte de sebos, bem organizados e com preços muito convidativos. A compra é segura e pode confiar na descrição do livreiro quanto ao estado de conservação do livro.

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Hum... acho que a lista ficou um pouco curta... quer me ajudar a aumentá-la?