quarta-feira, 4 de maio de 2011

Vale uma hora de sono

Ando meio em crise com meu tempo. Não está dando tempo de fazer tudo o que eu preciso e muito menos tudo o que eu quero... ontem, por exemplo, eu deveria ter postado um artigo no Aralume, mas não consegui.

Às vezes eu até consigo escrever em 20 minutos, mas se eu souber que só tenho vinte minutos vem uma ansiedade e acaba não saindo nada. Enfim, deixei o Aralume de lado e corri para as obrigações mais urgentes...

Cheguei em casa umas 22h e já estava com a ideia de me aprontar para dormir, pois saio da cama às 6h e (ainda) preciso de oito horas de sono para me refazer. Aí o Paulo Cesar me diz que o entrevistado do Provocações (TV Cultura), que começa às 23h15, seria o Rubem Alves. Eu sou muito fã do Rubem Alves. Os textos dele tem a capacidade de me transportar muito rápido para um estado de contentamento, me trazem uma alegria, uma esperança, uma sensação de que viver é lindo e vale a pena.


Eu nunca tinha visto uma entrevista com ele e não pensei duas vezes. Foi o tempo de comer e tomar um banho bem gostoso e lá estávamos nós quatro: eu, PC, Abujamra e Rubem Alves!

E logo de início o Abujamra já lança uma frase que cutuca a minha crise com o tempo:

Regra mais importante da educação: não ganhar tempo, mas gastá-lo.


O comentário do Rubem Alves sobre isso segue transcrito:

O prazer quer tempo. O prazer demanda tempo, então a gente tem que gastar tempo, porque a vida é pra isso, é pra gastar tempo. Quando a gente diz que está ganhando tempo, na realidade a gente não está ganhando tempo, a gente está estragando tempo.

Logo em seguida ele cita meu querido Guimarães Rosa: Alegria, só em raros momentos de distração.

Depois o Abujamra cutuca ele com a questão da religião e olha que legal, o Rubem Alves diz que toda a nossa tradição espiritual ocidental é baseada no sofrimento. Parece que Deus se deleita quando vê os homens sofrendo. Imagina se alguém faz a seguinte promessa: "Senhor eu prometo que se eu alcançar essa bênção, todos os dias às seis da tarde eu vou ler um poema de Fernando Pessoa". Ninguém oferece coisa boa pra Deus.

Pois é. Nem vou tecer comentários. Não precisa, né?

Não vi a entrevista até o fim porque realmente já estava dormindo no sofá. Por mais maravilhosa que estivesse a conversa, chega uma hora que parece que cai a chave geral, rs... mas a encontrei no You Tube na íntegra hoje! É nessas horas que eu reverencio a tecnologia.

Vou assistir agora e recomendo que você faça o mesmo ;)

http://www.youtube.com/user/marcallombardi

3 comentários:

  1. Cá,
    Uma vez o dono do Haw-Lai(Sérgio?!), monge zen budista, falou uma coisa que eu não me esqueço mais(diria até que foi no almoço do seu casamento). Ele disse: o tempo é muito democrático, todo mundo tem direito a 24 horas por dia, nem um minuto a mais nem a menos, e cada um faz o quer nessas 24 horas.
    Desde então eu passei a dizer "tenho usado meu tempo para outras coisas", valorizando o que eu tenho feito das minhas horas, e refletindo se realmente estou priorizando as coisas certas, mas não digo mais "eu não tenho tempo". E você deve imaginar o tanto de coisas que eu gostaria de fazer nas minhas míseras 24 horas diárias, né?!

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  2. Hehe, pois é Ana. Lembro desse comentário dele também. O problema é quando tudo vira "prioridade"... mas a gente vai encaixando e refletindo e reposicionando e tentando de novo...

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  3. Também me lembro que, há muitos anos, a Célia Guimarães me falou que estávamos na época da SÍNTESE, no sentido de ir cada vez mais se dedicando só ao que é essencial. Na Mahikari, se explica que estamos na era das limitações, em que nossa liberdade está cada vez mais restrita, para fazermos discernimento "fino" quanto ao que é necessário neste momento. Nos dois casos, SÍNTESE ou LIMITAÇÃO, referem-se ao momento que estamos vivendo da história da nossa civilização, numa sequência natural, preparando o próximo capítulo dessa história.
    Tem mais,"mas a canção tem que acabar..."

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