sábado, 9 de abril de 2011

Quem viu mais sabe mais


A pessoa que falou essa frase foi a Zezé e isso foi há muitos anos, lá no comecinho da década passada, em uma palestra que ela deu aos alunos do curso de Engenharia Florestal da ESALQ. A Zezé é uma verdadeira lenda viva da área florestal, pesquisadora renomada, sem papas na língua e divertidíssima. Com toda naturalidade ela soltava frases fortes, polêmicas e cheias de palavrões, no meio daquele ambiente austero da tradicionalíssima Luiz de Queiroz, fazendo cabelos brancos ficarem de pé e jovens idealistas gargalharem pensando "ufa, tem alguém interessante por aqui!".



A frase que inspira esse texto não é assim tão forte, muito menos polêmica e não tem nenhum palavrão, só que ela me marcou muito, pois virou minha principal justificativa (se é que precisa de alguma) para viajar. O recado que a Zezé queria dar aos novos estudantes era: saia da sala de aula, saia da biblioteca, saia da frente do computador, saia do seu quartinho e veja o mundo. Claro que o conhecimento teórico era importante (mesmo porque se ela falasse o contrário poderia ir direto para a fogueira, rs...), mas ela queria enfatizar que muitas vezes uma simples paisagem explicava muito mais rápido, de forma muito mais divertida e até definitiva, o que os livros e as aulas levavam horas e horas, para depois da prova aquelas informações evaporarem da cabeça.



E não é só a paisagem "física", tem também o contato humano, o aspecto cultural (ok, muitas vezes eu dispenso esse contato e tudo que eu mais queria era aquela cachoeira "só pra mim" =D). Lembre-se que esse contato humano inclui também e principalmente seus companheiros de viagem. Meu pai fala que você só conhece mesmo uma pessoa quando sai para viajar com ela. E é por isso que costumo colocar meus amigos em algumas "roubadas", como acampamentos, barcos em mares revirados, estradas longas, esburacadas e enlameadas, casas precárias, trilhas exaustivas, companhia de cachorros molhados, quartos de albergues... felizmente até hoje não tive decepções e todos os meus companheiros de aventura se saíram muito bem!



Quanto mais adversa a situação, melhor para conhecer as pessoas, inclusive você mesmo. Em viagens o imprevisto é eminente e você treina o jogo de cintura. Mas não se assuste, pois muitas vezes aquela situação que na hora foi indesejada, vira uma divertida história pra contar. A tendência é que tudo dê certo e para isso você precisa estar atento, sempre alerta ;)



Sinto que quando estou viajando meus poros se dilatam, os "sete buracos da minha cabeça" ficam ávidos por sensações, por registros daquela experiência. Tudo isso é processado pelo corpo, pela mente, pelas emoções e vai construindo sabedoria.



No cotidiano isso também pode acontecer, mas precisa de mais atenção para não cair no piloto automático. Tanto que uma coisa que gosto bastante é viajar sem sair da minha cidade. Passear pelas ruas sem aquela pressa, sem a lista de afazeres. Prestar atenção nos prédios, nas pessoas, nas árvores. É um exercício bem bacana, que também dilata os poros, as pupilas, boca, narinas e orelhas.



Mas o bom mesmo é uma paisagem nova! E é por isso que semana que vem vou atrás de uma. Paisagem nova e companhia nova, ou seja, grandes experiências à vista! O Aralume sairá de férias por uma semana e na volta prometo compartilhar com você as sensações e as fotografias ;)


As imagens que ilustram essa postagem estão no nosso álbum do Picasa, com as respectivas legendas.

3 comentários:

  1. ahh, boa viagem! vão pra onde?
    e só uma ressalva: desde quando cachorros molhados (ainda mais se forem o Pajé e o Djwat) são uma roubada? tsc tsc ..
    aliás, se ainda morássemos na mesma cidade, eu que ia cuidar deles, né?
    beijos!

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  2. Pois é Ana, você acredita que tem gente que não gosta de cachorro molhado em volta?! rs...

    Vamos desvendar o "fiorde" brasileiro e os cães vão junto! Dessa vez você não precisaria cuidar deles. O Pajé não troca uma praia nem pela companhia da tia Ana, hehe.

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  3. Maravilha de texto. Caprichem nas fotos (como se precisasse falar!), que quero participar da viagem e só a arte é capaz de fazer isto.
    Beihjos e Boas viagens a todos! (cachorros de sorte esses!)

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