terça-feira, 8 de março de 2011

E a agulha do real nas mãos da fantasia...

Faz tempo que estou com vontade de escrever sobre isso, para ser mais exata, desde o Natal do ano passado, quando ganhei o presente mais legal dos últimos tempos! (não fique triste se você me deu um presente nos últimos tempos e ele não ganhou o título de presente-mais-legal-dos-últimos-tempos, mas é que fazia muito, muito tempo que eu não tinha aquela sensação de ganhar um brinquedo! Lembrei quando era criança e acordava cedo porque queria brincar com o brinquedo novo, pois foi exatamente isso o que aconteceu!).

Bem, eu ganhei, da minha mãe, um kit de bordado! Eu havia comentado com ela que queria voltar a bordar (aprendi quando era criança) e sabia que ela tinha uns livros, umas linhas, umas ideias. Qual não foi a minha surpresa quando, na noite de Natal, meu presente foi um livro lindo, que é um Dicionário de Pontos, mais uma tesourinha alemã chiquérrima, linhas, dedal, agulhas e relíquias de família, como o bastidor de madeira e um retalho que foi da minha avó, com vários pontos de bordado, costura, etc...



A ideia de bordar não surgiu do nada. Foi o meu dentista, aquele que você já conhece (se não conhece, leia aqui e aqui) que me incentivou a desenvolver e cultivar as habilidades manuais. Não sei explicar muito bem o porquê, mas fez sentido pra mim e logo lembrei do bordado. Foi como um túnel do tempo, as lembranças vindo rápido, eu e minha irmã na casa da D. Lígia, nossa vizinha, que nos ensinou a bordar. Lembrei da latinha onde guardávamos o material, de como era gostoso manusear aquelas linhas coloridas, escolher os desenhos e mais legal ainda quando o bordado ficava pronto, sensação de missão cumprida!

Na época era o famigerado ponto cruz e agora é mais legal ainda, porque eu tenho um livro que me ensina mais de 200 pontos!!! O ponto cruz tem suas vantagens, mas é um ponto muito "cartesiano", quadrado. Além de cultivar as habilidades manuais, quero também cultivar a criatividade, brincar com os pontos e os desenhos.

Ando bordando panos de prato. Primeiro porque eu queria algo minimamente útil (já reparou que bordado não serve "pra nada"? Não é como tricô, crochê, costura, que você "faz" alguma coisa... o bordado "só" enfeita. Esse lado "inútil" dele também me encanta, inclusive porque faz a gente pensar na importâncias dos enfeites... imagina um pano de prato branco, sem nenhum enfeitinho?!). Outro motivo do pano de prato é que o tecido é fácil de contar os fios, coisa importante para principiantes. E além de tudo, é barato!

O primeiro foi um ensaio de pontos. Uma linha de cada ponto, com várias cores, ficou uma graça e dei de presente pra mamãe! O segundo já foi mais elaborado, com pontos simples, mas variando o tamanho dos pontos e usando tons de marron e verde, com barra amarradinha. Esse foi para o Dr. Edison, o meu dentista.


Agora estou fazendo um pra mim, com pontos de nível avançado! Em verde são Estrelinhas Argelinas e em azul o Ponto de Diamante Contornado! Pra onde vou levo o meu bordado e agora torço pra consulta atrasar, hehe! Dependendo do ponto dá até para fazer no ônibus. Mas infelizmente tenho ido a poucas consultas e quase não ando de ônibus, então meu bordado vai a passos de tartaruga... é difícil parar o dia para bordar... fico imaginando as moças de antigamente, bordando na varanda, o relógio não tinha pressa...


E justamente porque eu levo meu kit pra todo lado, já me deparei com reações das mais diversas. A maioria das pessoas se surpreende. Acho que não tenho o estereótipo "bordadeira", a começar pela minha idade, rs... Alguns encaram até com certo desprezo, algo bem discreto, mas que percebi em certas reações, como se pensassem "parece que não tem mais nada pra fazer da vida". Pode ser também o meu subconsciente me mandando uma mensagem de culpa, porque no fundo talvez eu mesma ache que poderia estar fazendo coisas muito mais "úteis". Mas nem dou bola...

É engraçado também como tem gente que pergunta se eu faço pra vender, ou se agora eu vou começar a vender panos de prato. Não! Eu não faço para vender e não vou ganhar dinheiro com isso!!! Por que tudo o que a gente faz tem que ter esse objetivo?! Meus bordados não tem preço. Eles valem muito mais do que um pano e algumas linhas. Se você quer saber, eles valem muito mais do que o tempo que eu gasto com eles. Eu não conseguiria colocar um valor monetários nos meus bordados...

E tem as pessoas que curtem, se interessam, querem conhecer os pontos e gostariam de saber bordar também. Felizmente essas são a maioria!

Estou muito feliz por ter redescoberto o lúdico. Fazia muito tempo que eu não brincava...

2 comentários:

  1. Cá, fico comovida ao ver que vocë náo desperdiça assunto nenhum em sua vida, tira reflexóes, ensinamentos... e crescimento de tudo e sob muitos ängulos e aspectos. As palavras que me vêm pra definir isto são coerência, unidade. Obrigada pelo presente que nos deu neste Dia da Mulher. Não tem preço!

    ResponderExcluir
  2. Obrigada mãe. Essa "mania de pensar na vida" aprendi desde pequena, mas venho cultivando mais e mais com a prática do Código de Ética do Yôga. Dos dez ítens o que mais gosto é o autoestudo ;)

    ResponderExcluir