terça-feira, 23 de novembro de 2010

E na praia eu viajei pelos sertões

Acabo de passar por um fim de semana estendido, de quinta a segunda, que me proporcionou uma avalanche de conhecimento e sensações. Estive em Saquarema, para mais uma edição do DeRose Festival, mas esse com um detalhe especial: apenas para instrutores. Parecia um feriadão com amigos na casa de praia. Só que eram cerca de 50 amigos, dentre os quais grandes Mestres e Professores. Muita prática, muito sol, muita risada, muito aprendizado, muitas reflexões. Esses festivais - inclusive os que são abertos aos alunos - são uma demonstração prática das características comportamentais do nosso Método; não precisa falar nada, na hora você entende o que é "alegria sincera" e como ela se relaciona com "seriedade superlativa". Também fica claro o que é "público identificado" e "sentimento gregário". Basta olhar, basta mergulhar. E aí você se depara com a última e não menos importante característica, que é a "lealdade inquebrantável". É natural.


Além da companhia extremamente agradável dos meus colegas instrutores, estive também em companhia do livro Travessia, da Juliana Simonetti. Trata-se de uma reportagem sobre o sertão de Guimarães Rosa, escrita ao longo de dez dias no sertão mineiro, refazendo o mesmo trajeto da comitiva que Guimarães fez no ano de 1952 e que inspirou Grande Sertão: Veredas e Corpo de Baile.


Confesso, envergonhada, que nunca li Guimarães. Já tentei, mas acho que foi em momentos não propícios, sei lá, não rolou. Acabo de encontrar a primeira das minhas metas para 2011 ;)

Mas independente da literatura de Guimarães, o livro da Juliana me emocionou muito. Não sei se pelo clima já propício do Festival, com emoções mais à flor da pele; não sei se porque eu adoraria estar no lugar dela em cima da mula Morena pelas veredas; provavelmente pelas histórias das pessoas que ela encontrou no caminho, com sua sabedoria sertaneja; sem dúvida pelo projeto do Grupo Miguilins de Cordisburgo, realizado por uma prima de Guimarães, já aos 70 anos de idade, e que transformou a vida de muitos jovens e crianças esquecidos nos confins das Gerais. O fato é que lágrimas me vinham aos olhos com uma frequência pouco comum durante leituras.

Gostaria de expressar publicamente os meus parabéns à Juliana e ao Roger Sassaki, responsável pelas lindas fotos. Não poderia deixar de parabenzar também a Elke Coelho, que fez as xilogravuras que ilustram o livro. Trabalho de primeira, daqueles que enchem os olhos e o coração!

Conheça mais sobre o projeto no site: www.livrotravessia.com.br

Por ser resultado de um projeto de incentivo à cultura, o livro não é vendido. O meu exemplar foi trocado por um outro livro, no primeiro sarau das Benditas Leitoras em Itu. A primeira edição está esgotada e espero que a equipe do livro consiga logo apoio para as próximas!

3 comentários:

  1. Flor, eu tive a alegria de ouvir Guimarães contado por um Miguilim, lá na casa em que o Guimarães morou em Cordisburgo, num jardim lindo...foi uma das coisas mais lindas que eu já vivi, tinha algo realmente mágico naquela história.
    Ouvi também em Andrequice uma miguilim contando a Terceira Margem, e chorei. Tão bom que você me trouxe de volta essas lembranças.
    O sertão é mágico, que bom que você chegou perto dele esse final de semana....
    Me mostra o livro depois, fiquei coçando de vontade de ver! Ai que saudade do Sertão, de Guimarães, de vocês e do Dieter (que contamina todo mundo com seu amor por Guimarães)

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  2. Oi Flor, pensei muito em você enquanto lia, vou e levar o livro sim! Beijo!

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  3. Gente,
    como vocês são lindas!!!
    Ah, Guimarães eu amo e, humildemente, de alguma forma, ele faz parte de mim (?)

    Mas também tenho minha grande vergonha: é ainda não ter feito amizade com Machado até agora... (corajosa, hein!? rs)

    Beijos

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