terça-feira, 18 de maio de 2010

Virada Cultural - São Paulo 2010

A Virada Cultural é um evento organizado pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, desde o ano de 2005. São 24 horas de shows, teatros, filmes e as mais inusitadas "performances" artísticas. Eu fui em alguns eventos das duas anteriores, mas foi esse ano que eu levei realmente a sério a proposta e... virei!

Foi uma experiência extremamente intensa, diria até transcendental, rs... inicialmente eu tinha feito uma seleção da programação que incluía teatro, dança, cinema e shows, mas no final acabamos indo só em shows e, as outras artes que me desculpem (mil desculpas...) mas MÚSICA É FODA!

Começamos a virada - PC, Lelo, Vanessa e eu - no centrão e é a melhor hora pra curtir o centro, pois na madruga cai na decadência (vi isso no ano passado). É muito gostoso andar pelo centro de São Paulo à noite, com aquela galera na rua, um show em cada esquina, um piano no guindaste, um filme projetado no edifício, insetos gigantes e fumacentos, enfim, coisa de louco! Depois de uma andada geral, fomos pro Largo do Arouche ver os Desengonçalves, grupo do André Abujamra e outros, que toca Nelson Gonçalves com batidas rock, ska e reggae (?!). Nada de multidão, show classe A!

Findo o show, mais uma andada pelas ruas, pegamos o Moli e a Ana no metrô (estávamos de carro, isso é bom) e fomos pro Auditório do Ibirapuera ver a Roda de Choro. Estacionamos o carro calmamente e entramos no auditório sem nenhuma fila. Banheiro impecavelmente limpo, café expresso e um show a-lu-ci-nan-te, com cinco músicos debulhando na choradeira! Isso foi à meia noite.

Saímos de lá e fomos ver ninguém menos do que Antonio Nóbrega, no SESC Pompéia (carro ajuda beeeeeem nessas horas...). Nada de trânsito, estacionamento tranquilo, fila insignificante... e o ambiente do SESC! Uma decoração super gostosa, com velas e lareira; comidinhas, performances, galera "da paz". Ah sim, o show... só pena que foi no teatro, mas eu e o Moli não nos conformamos e assistimos o show de pé, lá no fundo, dançando até! Teve uma apresentação de dança linda de chorar (aliás, ele vai fazer um espetáculo todo dedicado à dança mês que vem no SESC Pinheiros!) e ciranda no final, como é de praxe. Se saímos do choro com a alma lavada, agora ela estava perfumada e enfeitada!

Nisso já era umas cinco da manhã e o pessoal começou a bodear... eu não queria ir dormir, e nem conseguiria, pois havia tomado um Red Bull (energético também ajuda beeeeem nessas horas, rs...). O Moli tinha saído de Piracicaba com o maior espírito "tá na chuva é pra se molhar", então demos boa noite aos companheiros e lá fomos nós pro Centro Cultural São Paulo. Não conhecíamos os nomes das bandas a se apresentarem por lá, mas a escolha - do Moli - não poderia ter sido melhor! Qual não foi nossa surpresa ao nos depararmos com o "Noel Rosa" da Seresta de Piracicaba?! (que agora descobri que se chama Roberto Mahn) Vimos o show dele, a Banda Gafieira Imperial, animadíssimo, com dançarinos profissionais e pessoas dormindo nas escadarias (?!). Um café com leite e show do grupo de tango De Puro Guapos. Demais, oito músicos no palco e com direito a Libertango e Adiós Nonino. Nisso já era nove da manhã e pegamos um metrô pra casa da mãe do PC (a famosa "casa da sogra", rs...). Banho e um café da manhã delicioso, com mesa farta de quitutes e amigos (obrigada sogrinha, por ter essa casa sempre tão acolhedora!).

Juntamos a galera novamente e fomos pra Estação da Luz. Mais música: Antúlio Madureira, Toquinho e um encontro de bandolins insano! (pena que a "Granero" tava lá... acredita que montaram o palco da orquestra enquanto os músicos tocavam?! Deu até vergonha de tamanha falta de respeito...). Almoço no largo São Bento (a ideia era ver o Quarteto de Cordas no Mosteiro, mas estaríamos esperando a coxinha até agora e quando resolvemos ir embora, pegamos apenas os aplausos finais do bis...). Sem problemas... encontramos o Rafa, voltamos pra Luz e vimos um pedacinho da apresentação de dança indiana, porque queríamos nos acomodar logo para o grand finale: Cantoria na Praça Júlio Prestes, o show mais esperado da virada!

Começou meio estranho, mas quando Vital tocou Saga da Amazônia e Xangai emendou com Matança, deu até um aperto na garganta... "quando chegar a hora, e é certo que não demora, não chame Nossa Senhora, só quem pode nos salvar é.... caviúna, cerejeira, baraúna...". Eita nóis! Só que nessa o Elomar tinha ido colocar corda na viola (ou violão)... ê desculpinha pra não presenciar o Vital falando bem do MST... e ele poderia ter parado por aí, mas estava estranhamente inspirado e começou a falar umas coisas meio sem pé nem cabeça, pra um público de 4 mil pessoas... o clima ficou tenso e pensei que a qualquer momento sairia uma vaia... ainda bem que não saiu.

Ficou claro que os quatro não estavam na mesma vibe... o Xangai parecia ser o mais lúcido, mas deu uma escorregada declamando uma música enoooooooorme do Elomar, não entendi; o Geraldo estava bem, mas achando que era o Grande Encontro e não Cantoria, rs.... enfim, uma loucura que nos fez ir embora antes do show acabar, com aquela cara de . Foi uma pena a virada ter acabado assim, com esse sentimento de que os ídolos ficaram gagá. Ou, pior: de que os egos ali em cima do palco eram tão grandes que ofuscavam uns aos outros e não deixavam ninguém aparecer. Triste mesmo. Pra mim foi...

Mas os momentos anteriores foram tão intensamente deliciosos, tão oníricos, que valeram com sobra as horas de sono que perdi e ficaram gravados na memória do corpo, da audição, da visão e da emoção. Ter participado desse mega evento me deixou muito feliz e, como sempre acontece quando me aproximo das artes (especialmente da música), renovou minha esperança no mundo e nas pessoas. Nas pessoas que idealizaram o evento, que organizaram, que realizaram; nas pessoas amigas que estavam comigo; nas pessoas anônimas que se divertiram em paz. E no mundo, porque o mundo é feito de pessoas...

(PS - tenho fotos e vídeos, mas ainda não consegui parar pra selecionar e colocar aqui... então volte depois pra ver as ilustrações!)

4 comentários:

  1. Cá, no ano que vem eu vou com vocês e o Red Bull ! Também fiquei triste de saber do "Cantoria". Mas o que está feito está feito - e tem muita coisa boa que eles fizeram!
    Essa esperança que você sentiu é o que "temos que fazer" com que as pessoas sintam, para quererem que o mundo seja assim, cada vez mais, e façam algo para que seja. Assunto comprido, super em pauta na minha cabeça. Com a arte, é claro!
    Beijo, te amo.

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  2. Obaaa! Quero ver, hein? Tb te amo muito mãe, obrigada por nos passar essa paixão pela arte e pela música!

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  3. Flor, seus textos estão deliciosos, cada vez melhores! Parabéns!
    Esse ano eu só curtir o sapateado que a Clara faz diariamente na minha barriga (e que eu adoro), mas daqui a pouco a gente inclui a Clarinha no mundo das artes e vai curtir por ai!
    beijo grande

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  4. Obrigada Flor! Com certeza vamos levar a Clara em muuuuuitos shows e, vindo de onde ela vem, não tem como o mundo não ganhar mais uma apreciadora da boa música!

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