domingo, 25 de dezembro de 2011

Bolívia & Peru - Diário de Bordo: Ep. 1 - Dorme sujo, acorda pronto

A viagem começou muito bem. Nada de trânsito, nada de contratempo, aeroporto tranquilo. Cinco horas de voo depois (com conexão em Santa Cruz de La Sierra, onde o aeroporto tem Wi Fi grátis), ganhamos duas horas no relógio (fuso + horário de verão) e chegamos a La Paz.

O que tinham falado era verdade: está frio, chove e a altitude provoca moleza, dor de cabeça e tontura. Nada grave; é até interessante sentir esse efeito de semi embriaguez, que oscila um pouco ao longo do dia.

Fomos para o albergue que havíamos reservado, o Bash and Crash. Ficamos em uma "habitación compartida", com três beliches e outros dois colegas de quarto (um brasileiro por sinal, que veio no mesmo voo que nós). Quando reservamos era a única opção e aceitamos, pois já estava difícil arrumar vaga em outros albergues mais bem recomendados.

A chegada no Bash and Crash desanima logo de cara: tem uma escadaria de tirar o fôlego de qualquer um... mas quando se tem 19 kg nas costas e oxigênio rarefeito de 3.700 m vai um pouco além disso! O atendimento foi muito bom e o "clima" era de albergue mesmo: gringos pra lá e pra cá (fumando na sala inclusive, éca!), som alto, uma certa bagunça. O banheiro até que era ok (mas os meninos não falaram o mesmo...). O quarto era apertado, sem armário nem um cabidinho. Tinha uns armários na sala, com trava pra cadeado. O colchão, sofrível, mas a roupa de cama até que era boa e com edredons quentinhos.

Depois desse breve reconhecimento, tomamos um "mate de coca" e saímos pra jantar. Achamos um restaurante vegetariano (Tierra Sana) que já estava fechando, mas graças à lábia do Lelo conseguimos um jantar completo! Lugar muito agradável, atendimento simpático e atencioso, comida boa e preços animadores (pratos por 28 a 33 Bs).

Depois de comer, o cansaço bateu mais forte e lá mesmo no restaurante fizemos um pacto de que ninguém iria tomar banho antes de dormir, rs... Dadas as condições do albergue seria uma verdadeira empreitada... e resolvemos também que no dia seguinte iríamos pra um hotel, que reservamos assim que chegamos de volta no albergue.

A diária no albergue saiu por R$ 13,00 por cabeça... e no hotel (LP Columbus) por R$ 49,00... diferença considerável né?! Foi por isso que optamos primeiro pelo albergue... mas ao avaliar o preço de um quarto com privacidade, cama grande com colchão bom, banheiro no quarto, água quente nas torneiras e um bom café da manhã (bem, isso só vou constatar amanhã, mas estou apostando!), vimos que a economia era desnecessária.

Depois da decisão tomada e tudo acertado, fomos dormir. Todos super cansados, dormimos logo. Mas eis que no meio da noite acordo com alguém entrando no quarto; meio segundo depois esse alguém estava deitando na minha cama! Quando o figura, um gringo mutcho loco, viu que já tinha uma pessoa na cama, se dirigiu ao beliche ao lado, que também já tinha, e não contente foi para o terceiro beliche, onde estava a Thássia, que deu uma bronca nele! Nisso o Lelo desce do beliche (de cueca) e vai ajudar o gringo a achar sua cama... depois fiquei sabendo que ele já tinha entrado no quarto antes. E lá pelas tantas da madrugada o tal gringo volta, abre a porta, acende a luz e leva uma outra bronca, dessa vez definitiva.

Eu tive um verdadeiro acesso de riso no meio da madrugada quando vi o gringo puxando o edredon do outro brasileiro que estava no beliche do lado! Cada um segurando numa ponta, o gringo bêbado, o brasileiro sem entender nada.

Histórias como essa um hotel não proporciona! Por isso ainda acho que vale a pena dar uma passada em albergues de vez em quando, embora a Ana, minha irmã, fale que albergue não é pra maiores de 30!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Conforto ou Liberdade?


Nunca tive dúvida sobre a resposta pra essa pergunta... e acho que conscientemente todo mundo opta pela liberdade - ou não, afinal, tem gosto pra tudo!

Mas em níveis sub conscientes tenho certeza de que a maioria das pessoas - maioria na qual me incluo - acaba barganhando, vez ou outra, sua liberdade em troca de conforto. E o conforto é tão... confortável! (o que é uma armadilha sem tamanho pra uma taurina com tendências preguiçosas!)

E por saber disso vivo me policiando pra não virar aquela vaquinha gorda ruminando na sombra. A sombra tão confortável e acolhedora, que não demora a trazer a ideia de que estar na sombra não quer dizer que eu não tenha liberdade, pois quando eu quiser posso sair, não estou presa...

Sinal de alerta! O pior cativeiro é o que nos é imposto por nós mesmos. E isso acontece em níveis sub conscientes, chegando ao plano consciente totalmente mascarado (por que a gente faz isso?!?!).

Toda essa história me fez concluir que pra usufruir da liberdade é preciso investir uma certa energia.

É preciso correr alguns riscos. E quando corremos riscos, às vezes dá certo, às vezes não dá. E quando não dá, tem que dar conta do prejuízo.

É preciso dar a cara a tapa. Às vezes a gente apanha; às vezes ganha um beijo...

Não pode ter medo de errar, mas tem que ter cuidado para errar cada vez menos.

Tem que estar preparado pra chuva e pro sol. Mesmo que o preparo seja só psicológico (nem sei por que escrevi "só" psicológico, pois é muito mais fácil carregar uma capa de chuva do que manter o bom humor estando molhado e com frio!).

Tem que saber que as paisagens mais lindas geralmente - geralmente, não sempre - demandam as mais árduas caminhadas.

Tem que levar ao pé da letra o dito popular "antes só do que mal acompanhado". Tem que abrir mão das companhias confortáveis que tolhem nossa liberdade. Isso vale pra emprego também...

Ou seja: dá trabalho pra caramba!!!

E por isso às vezes optamos pelo conforto... tem momentos em que precisamos de conforto, pra repor as energias, pra ser cuidado, pra cuidar. E não digo que quem tem conforto não tem liberdade... mas que precisa de atenção, ah isso precisa, porque pode ser que quando você se der conta, já não "queira" mais desbravar os horizontes e se contente com a poltrona do papai e o jantar à mesa.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Preparando-se para desligar...

E enfim chega o fim. Quase consigo dizer: "nossa, mas já?!". Quase, porque tenho tanta coisa pra fazer que até aceitaria uma esticadinha no calendário, esse mesmo que eu estava há pouco tentando encurtar...

Check lists e mais check lists pra deixar tudo em ordem e poder passar um mês fora de casa e longe de casa. UM MÊS!!! Fiz isso quando fui pra Amazônia... ô viagem boa aquela! Belém, Ilha do Marajó, Macapá, Santarém, Alter do Chão [suspiro, ah, Alter do Chão] e Manaus. Muito rio, muita água, paisagens e histórias inesquecíveis... tem até um link permanente no rodapé do Aralume com algumas fotos dessa viagem!

O famoso estágio na Ilha Anchieta também me rendeu um bom tempo fora de casa... deve ter passado os 30 dias... era estágio, mas estágio não é trabalho, hehe!

E vou agora pro meu terceiro mês de férias. Mês inteiro. Faz diferença, apesar das viagens incríveis que fiz com bem menos tempo do que isso.

Pra quem quer saber dos planos, seguem as atualizações:

Saímos dia 24/12 rumo a La Paz; dia 26 vamos pra Uyuni passar três dias desbravando o deserto de sal; de volta a La Paz seguimos para Copacabana e Isla del Sol, no Lago Titicaca; reveillón em La Paz, com direito a hotel 3 estrelas (luxo da viagem, rs...); no primeiro dia do ano vamos de avião para Cusco (ok, você pode achar que isso entra na categoria luxo, mas luxo mesmo seria ter tempo para ir tranquilamente por terra...); dia 3 de janeiro iniciamos a Trilha Inca e no Dia de Reis chegamos a Machu Picchu; dia 8 os companheiros de aventura voltam e eu fico em Cusco por mais duas semanas... sem muitos planos, vamos ver como os ventos dos andes sopram!

A "tchurminha mais que bacaninha" é composta pelo PC e mais um casal adorável e aventureiro, a Thássia e o Lelo. Será nossa terceira viagem juntos e eu e a Thássia estamos formando uma dupla imbatível na organização de roteiros e administração de imprevistos!!! Espero que continue assim ;)

Sempre que possível mandarei notícias aqui pelo Aralume e pelo Facebook.

No mais, desejo que você tenha um ótimo desfecho de ano, com muita alegria, confraternizações, reflexões e inspirações!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O respeito ao choro

Esse fim de semana pude passar alguns preciosos momentos com a Clara, só eu e ela (se você é leitor do Aralume já conhece a Clara, que é minha sobrinha e afilhada e logo completa um ano e meio. Ela tem até uma "tag" nos assuntos do blog, rs...).

Muito do que vou escrever aqui tem a ver com o que diz a Laura Gutman no livro "A maternidade e o encontro com a própria sombra" e também com as conversas que tenho com a Carol, mãe da Clara. Mas nada como um depoimento de fatos, né? Teorizar é importante, pois oferece o alicerce, mas enquanto não se coloca a mão na massa, a areia fica de um lado, o cimento do outro, a água lá longe e nada de parede! (para os amigos agroecológicos posso reescrever essa frase: ...mas enquanto não se coloca a mão na massa, a terra fica de um lado, o bambu do outro, a água lá longe e nada de parede! =D ).

E lá fui eu colocar a mão na massa. Primeiro um passeio no parque enquanto os pais foram pra feira. A garoa fina me fazia equilibrar um guarda chuva e deixava a terra na consistência ideal para mudar a cor dos sapatinhos pequeninos que corriam atrás dos "cocós".

Não demorou muito e fomos ver os cavalos. Ali ficamos um bom tempo... uma eternidade, eu diria. Uma eternidade do ponto de vista de um adulto, que corre pra lá e pra cá o tempo todo e parece que nunca se dá o direito de parar e simplesmente observar.

Apoiei uma perna na grade, coloquei a Clara sentada e ficamos vendo os cavalos andando em círculos. Alguns segundos depois eu pergunto pra Clara "vamos embora?", ao que ela responde prontamente e sem a menor dúvida com um aceno negativo. Ok, to passeando mesmo... mais alguns minutos, a garoa aperta. Abro o guarda chuva e refaço a pergunta; a resposta é idêntica. Pergunto se ela está com frio, não está; pergunto se está tudo bem, está. Então pra que mudar?

Deixo-me ficar e a "autopergunta" ecoa na minha cabeça: "mas por que raios você quer ir embora?!". Eu não tinha nenhum motivo pra sair dali... ficamos então até a Clara, por livre e espontânea vontade, dar tchau para os cavalos.

Uma das coisas que a Laura Gutman fala é que as crianças tem um tempo muito diferente do nosso, que elas são muuuuuuuito mais lentas e que os processos acontecem em outra escala. E quanto menor a criança, mais acentuada essa diferença de "timming", afinal, elas estão chegando, é absolutamente TUDO novo, é difícil se mexer, se comunicar. Então um aprendizado muito importante para quem lida com criança é que a velocidade delas deve ser respeitada... eu acho que dá pra manter um passo à frente, até mesmo como estímulo, mas precisamos ter muito cuidado para não atropelar as coisas.

Pois é, e se eu não soubesse disso e, por tédio ou ansiedade, tivesse tirado a Clara dali antes que ela resolvesse que já era hora, o que teria acontecido? No mínimo ela teria chorado, com certeza. Cada um usa as armas que tem e o choro é praticamente a única arma das crianças! Então a interpretação adulta seria que ela estaria "fazendo manha", que seria birra de criança mimada. Quem já não se viu numa situação dessa?!

No nosso caso específico eu realmente não tinha motivo para tirá-la dali, mas e se fosse preciso? E se eu tivesse um horário marcado com qualquer coisa e precisasse ir embora? Aqui teríamos dois cenários: em um o adulto vai embora e pronto, com a criança chorando e as pessoas olhando; em outro o adulto falta com o compromisso porque "não pode contrariar a criança".

Acho que todo mundo tem alguma memória de qualquer variação das cenas acima. Ou atropela a criança, ou a vontade da criança atropela compromissos, pessoas, orçamentos...

Mas existe o "caminho do meio", que é a conversa. É impressionante como a Clara entende tudo o que a gente fala! Vejo os pais conversando com ela o tempo todo, explicando tudo e ela, embora ainda com poucas palavras, dá sinais muito claros do que quer.

Na maioria das vezes basta explicar, respeitar o tempo (nem que seja só o tempo de ela entender o que você está falando) e tudo se resolve com sorrisos. Em outras vezes, realmente não tem tempo pra ficar explicando, principalmente em situações de perigo, mas mesmo nessas dá pra ir mostrando pra criança que você teve que tomar aquela atitude pro bem dela. Se não deu pra conversar antes, é fundamental conversar depois...

Exige paciência, exige lucidez. E exige o que muita gente definitivamente não está preparada para enfrentar: as "autoperguntas"! Porque ao explicar pra criança você tem que estar convencido daquilo, senão não funciona! E aí talvez você se depare com questões que não estão bem esclarecidas nem dentro de você...

Mas vale a pena! Olha o que alguns minutos observando cavalos com uma criança no colo renderam, rs...

Depois, no mesmo dia, precisei ficar um tempo mais longo com a Clara. Brincamos, comemos, fizemos várias coisas, mas o mais legal foi o banho! Primeiro porque foi ela que pediu pra tomar banho. Sem usar uma palavra, foi até o banheiro apontou a banheira e o recado estava dado. Pensei "será que é hora de tomar banho?", "será que eu posso dar banho nela?", "será que eu ligo pra mãe?!".

Resolvi usufruir da minha autonomia de madrinha e lá fomos nós pro banho! A Marina, nossa outra sobrinha de 5 anos, foi uma belezinha e ficou lá me ajudando. Mais uma vez atenção ao "timming". Sei que a Clara adora água e adora banho, então não tinha mesmo a menor necessidade de apressar o processo.

Aí pensei que muita gente vê o banho da criança com uma visão utilitária, ou seja, a visão adulta: banho é para ficar limpo. Entra, ensaboa, repassa e sai. Mesmo porque não pode ficar gastando água! Mas o banho da criança tem uma função muito mais lúdica do que utilitária. E sendo de banheira ou balde a água é a mesma, independente do tempo que o serzinho fique lá "de molho".

Eu acho, aqui na minha humildade, que criança que dá trabalho pra tomar banho (chora pra entrar e chora pra sair) é porque não tem a oportunidade de desfrutar do prazer do banho.

Sei que não deve ser fácil pra muitas mães e muitos pais, que vivem na maior correria, respeitar esse ritmo infantil. Mas, mais uma vez "achando" aqui na minha humildade, na maioria dos casos as mães e os pais teriam sim esse tempo a mais para dedicar aos filhos, mas não se dão conta. Parece até que nem pensam no que estão fazendo e que não conseguem fazer um escalonamento de prioridades que inclua e privilegie o bem estar da criança. E nesse caso ainda contam com o apoio da sociedade, que não quer "crianças mimadas"...

E o resultado é uma legião de crianças desrespeitadas, podadas, com as bocas caladas por chupetas, mamadeiras, doces e brinquedos caros, que nunca são suficientes.

Bom, sei que estou em uma posição privilegiada pra falar desse assunto, já que não tenho filhos. Depois da "amostra grátis" de ter uma criança sob minha responsabilidade, passei o "pacote" adiante e fui cuidar da minha vida, rs...

Não estou aqui pra julgar ninguém. "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é". Só peço atenção. Só peço que as escolhas sejam conscientes. Só peço que você avalie as consequências de cada escolha e seja responsável por elas. Mesmo que você erre. Mesmo que você veja que saiu tudo diferente. Sempre é oportunidade para aprender.


É comum quando escrevo vir alguma música à mente (mais comum ainda é vir vááááárias, hehe!). Na semana passada compartilhei com você e agora faço o mesmo. Chororô, do Gil. Gil lindo, luminoso e iluminado!


Tenho pena de quem chora
De quem chora tenho dó
Quando o choro de quem chora
Não é choro, é chororô
Quando uma pessoa chora seu choro baixinho
De lágrima a correr pelo cantinho do olhar
Não se pode duvidar
Da razão daquela dor
Não se pode atrapalhar
Sentindo seja o que for
Mas quando a pessoa chora o choro em desatino
Batendo pino como quem vai se arrebentar
Aí, penso que é melhor
Ajudar aquela dor
A encontrar o seu lugar
No meio do chororô
Chororô, chororô, chororô
É muita água, é magoa, é jeito bobo de chorar
Chororô, chororô, chororô
É mágoa, é muita água, a gente pode se afogar

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O começo está próximo

Chega a revista Trip e vejo essa frase na capa: O Começo Está Próximo. Cai como uma luva para traduzir o que ando sentindo. Fim de ano, aquela sensação estranha de querer tirar uma roupa velha e vestir a nova... a vontade de um novo começo.

Você pode pensar: então tira, então veste, então começa! Se você pensa assim, é dos meus. Não gosto dessa convenção de um "portal mágico" na virada de 31/dezembro para 01/janeiro, iludindo as pessoas com a ideia difusa de que basta mudar o calendário, trocar de agenda e pronto, tudo novo! Não é bem assim...

Mas acontece que esse ano eu estabeleci algumas resoluções que dependem do calendário, afinal, reconheçamos seu mérito em organizar a sociedade! Só que o resultado é que entrei na onda coletiva do "fim de ano"... vontade de férias, contagem regressiva, tudo meio bagunçado sob a desculpa de "em janeiro se ajeita". E percebi que, felizmente, não estou acostumada a isso - e nem quero estar.

O DeRose diz que a liberdade é nosso bem mais precioso... eu digo que é o tempo. O que acaba dando na mesma, porque ter tempo é ter liberdade para fazer o que quiser com seu tempo... Enfim, se o tempo é meu bem mais precioso, querer que ele passe depressa é uma heresia, um sacrilégio, um desperdício imperdoável!

Ao pensar nisso a Carolina um pouquinho mais evoluída que habita meu ser dá um puxão de orelha na Carolina mais ansiosa (que quer que o ano acabe logo) e preguiçosa (aquela que "deixa tudo pra janeiro"). Passa um sermão e manda olhar em volta. Manda desfrutar cada minuto, aprender em cada detalhe. Faz com que as coisas não desandem tanto, porque uma bagunça pequena a gente arruma sem esforço em minutos, mas uma bagunça grande extrapola a soma dos poucos minutos que teríamos levado para arrumá-la cotidianamente (e isso serve para roupas jogadas no quarto, conta bancária e relacionamentos humanos!).

Estamos tentando aqui, todas as Carolinas que me habitam, a chegar num consenso. Vamos vivendo dia a dia. Pés e mãos no presente. Olhos no futuro; e de vez em quando no chão, pra não tropeçar ;) O coração, ah, este dá trabalho, fica meio atrasado no passado, aí salta pra sonhos distantes. A mente vai clareando e pelo menos já se dá conta disso tudo...

Ok, tudo isso é bonito e estou mesmo tentando aplicar na minha vida, mas... mas... não consigo parar de pensar que daqui a 18 dias estarei de mochila nas costas, rs...

E por falar em "o ano está quase acabando", deixo-os com a letra da música Por Pouco, da banda pernambucana Mundo Livre SA.

Estamos quase sempre otimistas 
Tudo vai dar quase certo
Pois o ano esta quase acabando
Depois de termos quase certeza
Que dento em breve teremos um quase
Alegre carnaval
Por pouco não trouxemos o penta (a música é antiguinha, rs...)
Quase acertamos na loto
Quase compramos a casa
Quase ganhamos o carro
A moça da banheira ficou quase nua
A gostosa da praia quase dá, não dá
Quase dá, não dá mole, não
Pro pouco não ganhamos o Oscar
Quase ficamos no emprego
Quase pagamos a dívida
Quase evitamos a falência
A moça da banheira ficou quase nua
A gostosa da praia quase dá, não dá
Quase dá, não dá mole, não
Contribuintes não contam
Torturadores não sentem
Esculturas de lama não morrem
Jornalistas mortos não mentem
Votamos no quase honesto, pois quase confiamos nele
Acabamos de entrar pelo cano
Por pouco não reagimos, quase nos revoltamos
Mas quase confiamos na justiça e na sorte