terça-feira, 10 de novembro de 2009

O sonho acabou

É o que acontece quando a gente acorda. E geralmente é uma sensação de alívio que vem nessa hora, por mais que o sonho tenha sido bom. Nada como a realidade!

E está sendo assim com o fim da Sempre Viva Orgânicos. O empreendimento relâmpago foi um sonho bom. Nunca vou esquecer de uma das primeiras vezes que eu estava na horta, trabalhando sozinha tirando uns matinhos, quando o S. Klaus (dono do sítio) chegou e puxou um papo, comentando como era bom mexer com a terra. Aí logo em sequida ele perguntou: "e na vida real, o que você faz?"... achei aquilo engraçado e pensei: "será que ele acha que eu to brincando aqui?!". Mas ele tinha razão. A horta foi muito mais um hobbie, uma diversão, um passatempo, do que um negócio.

Só que quando a diversão começa a ter muitas cobranças e compromissos e, pior ainda, consome uma verba que não estava nos planos, deixa de ser diversão. Mesmo que eu não quisesse que fosse só diversão; por mais que eu quisesse ser realmente uma agricultora, uma empresária do "agro-eco-negócio", a entrega não foi suficiente. Faltou perna. Aliás, faltou perna, braço, cabeça. Faltou estar presente.

Aprendi na pele, na prática, que não dá pra ter duas profissões e se dar bem nas duas. Ou você é bom em uma coisa, ou não é em nenhuma! Outra lição importante é que pra "mudar de ramo" - ou de galho, ou de árvore! - é preciso ter cacife. Tem que ter uma reserva financeira considerável, porque nenhum começo é fácil. E justamente porque nenhum começo é fácil que esse começo é tão importante em termos de entrega. Tem que suar a camisa mesmo! E não dá pra fazer isso com um pé em cada canoa...

Enfim, na decisão de ou ela ou eu, a engenharia florestal ganhou. Eu gostaria que o outro caminho tivesse sido mais longevo, mas olhando pra trás eu vejo que do jeito que começou, não daria mesmo.

Lucro financeiro líquido não houve, mas os aprendizados superam qualquer prejuízo e, no balanço final, eu fico com a minha querida profissão, aquela do "deproma". Olhando esse saldo eu vejo o quanto sou privilegiada, e afasto aquela nuvenzinha de frustração. Os afazeres cotidianos aos poucos apagam as lembranças daquele sonho que foi desfeito, e daqui a pouco é noite de novo, outros sonhos virão.

Um comentário:

  1. Lindo seu texto, assim como são lindos os sonhos e as lutas de vocês.
    Fico um pouco triste, lamento e ao mesmo tempo comemoro que fiz parte desse sonho, torci e sonhei junto.
    Que bom que você acha que valeu, esse é o melhor sentimento que podemos ter, e como você disse, daqui a pouco é noite e a gente sonha outros sonhos!
    beijos Flor, ainda mais admiração por vcs!

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