sábado, 30 de junho de 2012

Turquia - Parte I: chegando em Istambul


A ideia do destino foi da Ana, minha irmã, enquanto estávamos decidindo qual viagem faríamos com nossa mãe em comemoração ao seu 60o. aniversário. Depois de meses "enrolando" sem nenhuma ideia que realmente nos cativasse, a menos de um mês da data de partida resolvemos: Turquia!

No dia seguinte compramos as passagens e conseguimos ótimos lugares num voo direto pela Turkish Airlines. As doze horas de viagem transcorreram muito bem e a qualidade do serviço realmente merece destaque. Coisas como talheres de metal e prato de louça (o que indica que houve comida "de verdade"!), travesseirinho, mantinha, "amenities" e uma televisãosinha bem divertida, a partir da qual, por módicos US$ 1,60 mandamos SMSs para nossos meninos! (se você está acostumado a voos internacionais de longa distância pode ser que nada disso seja novidade, mas pras "caipiras" aqui foi a maior diversão, hehe...).

Chegamos em Istambul por volta das 18h e tudo o que teve de burocracia foi uma pequena fila para carimbar o passaporte. SÓ! Nem teve ficha de imigração no avião... a bagagem demorou um pouco para chegar, mas nossas malas vieram bonitinhas. Na saída o Isik estava nos esperando, conforme combinado com os donos do apartamento que alugamos através do site AirBNB.

A primeira impressão da cidade foi ótima, com suas largas avenidas e jardins floridos. Depois as ruas vão ficando cada vez mais estreitas até virarem vielinhas pelas quais nosso condutor ia adentrando com uma van nada modesta.

O apartamento fica no primeiro andar de um predinho minúsculo (o diminutivo duplo aplica-se perfeitamente, não é lapso gramatical!) e subindo por escadas estreitíssimas chegamos ao nosso pequeno espaço de chão e teto em Istambul, composto por um quarto com cama de casal, uma salinha/cozinhinha com sofá cama e um banheirico. Tudo realmente muito, muito pequeno, mas muito, muito cuidadoso, charmoso e bem equipado.

Logo o Ahmet, um de nossos anfitriões, foi nos receber, dando as poucas instruções do apê (entendeu que a abreviação não é gíria, né?!). Em seguida saímos com ele para uma pequena caminhada pelos arredores, que tem a Rua Istkal como principal vizinhança (depois falo sobre essa rua, que a Ana chama de Oscar Freire de Istambul, rs...). O Nico, sócio do Ahmet e outro anfitrião, ligou pro Ahmet e fez questão de falar conosco, pois está na Itália (ele é italiano). Ótima recepção, muito atenciosa e carinhosa!

Pertinho do apê tem uns mercadinhos, só que a galera não fala NADA de inglês, só turco. Se o Ahmet não estivesse conosco nem sei o que teríamos conseguido comprar... mas compramos boas coisitas e fizemos um jantar em casa. Ah, pra finalizar a carinhosa e atenciosa recepção, o Ahmet deixou conosco um celular e disse que se quiséssemos pegar um taxi poderíamos ligar pra ele conversar com o taxista. Detalhe: ele retornaria a chamada, pois não paga pra ligar pra esse celular. Isso nos deu um certo conforto, mas pelo jeito não precisaremos desse recurso (depois explico também... são muitos os capítulos dessa história!).

Resumindo a ópera, fomos dormir mais de 2h da madruga e no dia seguinte acordamos tarde e principalmente eu e a Ana ficamos muito, mas muito cansadas, não só pela viagem, mas também pela dificuldade em entender as rotas, a forma de usar o transporte público, os mapas, os guias e cia. E olha que eu me considerava razoavelmente boa com rotas, mapas e guias... mas algumas noites pouco dormidas, a diferença de 6h no fuso e o idioma absolutamente incompreensível criaram uma névoa que deixou as letrinhas embaralhadas na minha cabeça.

E, como dizia minha vó (ou bisavó, não sei), quem não tem cabeça tem perna! Andamos muito, muito, muito e no fim eu não sabia de onde vinha o cansaço maior.

O primeiro dia foi cansativo demais, mas vimos lugares lindos. Vou falar sobre eles depois. Agora estou cansada ;)

(mas pra não deixar ninguém preocupado adianto que o segundo dia foi incrível, já estamos muito bem localizadas e a Ana já conseguiu até um diálogo INTEIRO em turco! É noise!)

quinta-feira, 21 de junho de 2012

metrópole

Saiu do consultório com o ombro carregado de dúvidas e o coração esvaziado de vontades.

A rua, cinza e hostil, era o campo de batalha a ser vencido para chegar em algum lugar que trouxesse um mínimo alento que fosse.

Buscou alguma vontade, mas todas pareciam traiçoeiras. O que fazer quando não podemos confiar nem mesmo em nós mesmos?

Os passos apressados de quem não gosta de se atrasar mas sobrepõe compromissos deram lugar a um vagar quase sonâmbulo. A cada ponto de ônibus a dúvida, mais uma. Resolveu brincar de roleta russa, deixando as rédeas da vida nas mãos do acaso. E o disparo estava vazio.

Celular a postos, esse amuleto da modernidade, no qual depositamos nossas esperanças. Agarrada a ele esperava um eco, um sinal. Pensou naquela amiga com a qual poderia rir e chorar. Poucos quilômetros as separavam, mas a complexidade da relação tempo e espaço forma um emaranhado do qual poucos saem vivos.

Entrou no cinema e encontrou na história alheia motivo para explicar suas lágrimas. Buscou calor num copo de capuccino. O troco veio errado, mas resignou-se, não havia força para lutar por um real.

Chegou em seu prédio clamando por um elevador vazio, pois suas forças não seriam suficientes para um mínimo aceno de cabeça, menos ainda para palavras pseudo cordiais acerca da chuva. Com as chaves na mão deu um suspiro, olhou-se no espelho enquanto era carregada até seu porto seguro.

Comeu mal, jurando começar uma dieta na semana que vem. Não ligou a TV nem o computador. Nem mesmo uma música, um livro, nada. Deixou-se desabar na cama, já sem as lágrimas que gastara com a história alheia.

Deu folga ao despertador, dormiu o quanto pôde.

E preferiu a certeza das dúvidas à ilusão das certezas.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Carta da Mantiqueira à Rio+20

Amanhã começa a Rio+20, conferência mundial sobre meio ambiente, que volta ao Rio de Janeiro depois de 20 anos (a Rio+10 foi na África do Sul).

Eu poderia/deveria escrever mais sobre o tema, mas admito que tenho estado à margem dos debates e não me sinto apta a dar pitaco.

De qualquer forma, a margem também é terreno fértil e trago para você, caro e assíduo leitor, a Carta da Mantiqueira à Rio+20. É possível colaborar com o movimento assinando a petição on line (http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/9618).

Segue a carta:

No ensejo da Cúpula Ambiental RIO + 20, quando estão sendo discutidas, internacionalmente, políticas públicas de Estado e ações coletivas que busquem harmonizar e adequar as relações da Economia e da Sociedade com o Meio Ambiente, desejamos levar a público a voz destas Montanhas. 

A Mantiqueira constitui-se no mais extenso e relevante conjunto orográfico do País, representando, com suas cadeias de montanhas e altos Picos (Agulhas Negras, Pedra da Mina, etc.) o equivalente brasileiro do sistema andino.

Seu âmbito geopolítico abrange mais de 40 municípios, distribuídos pelos três mais destacados Estados nacionais, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, ocupando área de cerca de 10.000 km², comparável àquela do território do Líbano. 

Por sua relevância ecológica, sócio-cultural e histórica dentro do Sudeste brasileiro, foi criada, em 1985, a Área de Proteção Ambiental da Mantiqueira (APA), a maior e estrategicamente a mais importante Unidade de Conservação na sua modalidade.

A Macro-Região da Mantiqueira encerra em seu espaço, além de aquíferos, complexa rede hidrográfica, berço de inumeráveis cursos d’água, formadores de importantes Bacias, como as do Rio Grande, gerador do Rio Paraná, que se estende até o Rio da Prata, e outras mais, como a do Rio Verde e a do Sapucaí, além de alimentar a importante Bacia do Rio Paraíba do Sul.

Sob o ponto de vista ecológico-ambiental, além de representar o último grande espaço verde do eixo Rio-São Paulo, nela se encontram os derradeiros fragmentos da Mata Atlântica interior de Altitude e remanescentes dos bosques de Araucária, sua rica biodiversidade apresentando espécies e características únicas, que precisam ser defendidas e resgatadas. Seu papel de ponte de ligação, atravessando os três Estados, é vital para o estabelecimento dos Corredores da Biodiversidade, que devem ser incrementados e ampliados.

A Mantiqueira representa, de fato, uma verdadeira fábrica de água e de ar puros e seu Patrimônio Paisagístico é inigualável. 

Sob o aspecto sócio-cultural, a Região figura como o último local, no Sudeste, que ainda mantém, entre suas comunidades, tradições e valores rurais-agrícolas familiares, saberes imemoriais que são fundamentos de segurança alimentar para o futuro e cuja preservação e resgate se revestem de especial importância em face das atuais e sempre crescentes crises ambiental e climática.

Considerados esses aspectos e diante do descaso e desconhecimento com que a Mantiqueira como um todo tem sido tratada pelas sucessivas administrações, quer na esfera Federal e Estadual, quer, principalmente, no âmbito das suas municipalidades, queremos nesta mensagem registrar as justas demandas de suas comunidades rurais, de suas organizações civis não governamentais e, sobretudo, dos numerosos conservacionistas e ambientalistas que lutam – há anos - pela sua preservação.

A Mantiqueira, território coetâneo da História do Brasil, verdadeiro “País de Paisagens”, reservatório ainda considerável de Vida Silvestre, manancial estratégico de águas que abastecem indústrias e milhões de habitantes ao longo do seu eixo, clama por maior atenção e cuidados por parte dos governos e organismos ambientais.

É urgente e necessário que este inestimável Patrimônio Natural e Cultural seja protegido e preservado, seja objeto de um planejamento integrado e que sua APA seja efetivamente implementada e tenha suas ordenanças obedecidas. Para tanto, esta mensagem também está sendo dirigida à UNESCO, no seu Programa MAB, Man and Biosphere.

Finalmente, a Mantiqueira vem - por esta carta - expressar, firmar e confirmar sua importância geopolítica estratégica para o Sudeste e para o País. A Região não deseja ser, nem deve ser vista e tratada, meramente, como um vazio à mercê da especulação turística desregulada e invasiva, a expensas de suas potencialidades produtivas rurais e do seu valioso patrimônio humano e cultural. 

É o que tínhamos a declarar.

Destas Montanhas saudamos, irmanadamente, a todos os participantes, de todas as Nações Amigas que aqui estão reunidas, fazendo votos para que a RIO +20 represente um passo efetivo e mais do que urgente na direção da preservação da Terra.

Apoiam esta mensagem as seguintes entidades:

Fundação Mantiqueira, Crescente Fértil, Nova Terra, Centro Cultural Visconde de Mauá, Associação dos Produtores de Visconde de Mauá, Terra Una, Amanhágua, Ave Lavrinha, RPPN Morro do Elefante, Associação Pró-Bem-Viver Visconde de Mauá, Montanhas do Brasil, Amigos do Itatiaia

terça-feira, 5 de junho de 2012

Sabe o que é? Não deu...


Quando a coisa aperta, quem vai pro beleléu é o Aralume... a vida de escritora fica soterrada entre a vida de dona de casa, de engenheira florestal, de viajante e de mulher que faz unha, sobrancelha e depilação (parece bobagem, mas esse kit demanda umas TRÊSHORAS, entre ir, ficar e voltar).

Prioridades, né? A casa não pode ficar abandonada e o máximo que eu terceirizo é uma faxineira uma vez por semana; a engenheira florestal paga as contas e as contas não podem atrasar; as viagens, bem, essas serão SEMPRE prioridade, até mesmo para abastecer o Aralume; e a mulher que faz unha, sobrancelha e depilação nunca foi a primeira da fila, mas ela anda felizona por estar pertinho da Patrícia e suas fadas... e quem não gosta de ser cuidado? Existem muitas formas de ser cuidado, mas imagino que um salão de beleza é a mais prática e barata. E ainda dá pra ler aquelas revistas que eu não tenho nenhuma coragem de comprar, mas me divertem.

E por essas e outras não consegui escrever um texto decente pra hoje e estou aqui, que nem aluno de colegial – ou ensino médio, se você tem menos de 25 anos – dando desculpa pra professora porque não fez o trabalho.

As “outras” são mais difíceis de explicar, mas tem a ver com a tal da inspiração... pode ter lua cheia e por do sol, novidades ou antigas reflexões, muito tempo ou pouco tempo (sim, isso desmonta totalmente meus argumentos anteriores)... mas falta aquele som dos sininhos tilintando e ditando as palavras. É assim que eu escrevo.

Se tiver paciência até sai, mas aí precisa mesmo do tal do tempo, pra ir garimpando e buscando... não deu... tem hora que a gente precisa assumir que não deu.